LOC.: Uma lei aprovada pelo Congresso Nacional permitiria a liberação de R$ 4,2 bilhões para a ciência brasileira em 2021, valor que estava em reserva de contingência na Lei Orçamentária Anual de 2020. Porém, dois vetos do presidente da República Jair Messias Bolsonaro impediram esse investimento nas pesquisas.
Um projeto de lei complementar do senador Izalci Lucas teve como objetivo principal proibir o bloqueio de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, e gerou uma lei sancionada em 12 de janeiro. Mas a publicação no Diário Oficial da União veio com vetos que tiram a essencialidade do projeto. É o que lamenta Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
“É muito importante que essa lei volte a ser a que foi aprovada pelo Congresso Nacional, eliminando o contingenciamento e fazendo com que recursos não usados no ano sejam passados para o ano seguinte. Isso é colocar o País à altura dos países mais desenvolvidos. É fazer com que o País não tenha essa posição vergonhosa de estar no 62º lugar no índice global de inovação, ao mesmo tempo em que é uma das dez maiores economias do mundo.”
LOC.: O FNDCT é considerado o maior fundo de recursos para a ciência brasileira, captando valores obtidos a partir de impostos de empresas e sendo utilizado para financiar pesquisas de diversas áreas. Os vetos podem ser derrubados por parlamentares em sessão do Congresso, mas ainda não há data para o debate. O deputado federal Vitor Lippi foi um dos que ressaltou a importância do projeto na origem.
“Os países do mundo que melhoraram as suas condições de vida, que progrediram nas últimas décadas, todos foram através de pesquisa e inovação. E o Brasil ainda valoriza muito pouco isso. Nós temos um fundo nacional. Mas, todo ano o governo tirava esse dinheiro do fundo e deixava um percentual muito pequeno, e não era suficiente para as necessidades do País.”
LOC.: Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada analisou as ações em pesquisa e inovação adotadas pelos países para combater a crise da Covid-19 e concluiu que o Brasil gastou 1,8% do orçamento federal neste sentido, enquanto que o Canadá investiu 11,8%, o Reino Unido 10,8%, a Alemanha 6,3% e os Estados Unidos 4,1%.
O Ipea também evidencia que os recursos destinados às três principais fontes dos cientistas brasileiros, vivem uma queda desde 2015. A soma dos recursos dessas três fontes passou de R$ 13,97 bilhões naquele ano para R$ 5 bilhões em 2020, corrigida a inflação.
Reportagem, Alan Rios