Data de publicação: 24 de Janeiro de 2021, 23:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:32h
A produção de azeite e a colheita de azeitona estão acelerando o ritmo dos produtores da Serra da Mantiqueira desde o início deste mês. Isso porque a extração de azeites na região, que abriga municípios do sul de Minas Gerais e do norte de São Paulo, estava prevista para fevereiro, mas começou antes do esperado em parte das propriedades.
Segundo especialistas da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), o motivo da safra estar adiantada neste ano se deve às oscilações climáticas de 2020. A opinião é compartilhada pelo engenheiro agrônomo da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater-DF), Carlos Antônio Banci.
Para o especialista, essa antecipação da colheita é um efeito da questão climática ocorrida no ano passado, quando houve atraso nas chuvas e excesso de calor entre os meses de junho e outubro, além de um frio não tão rigoroso. Com esse calor esses tipos de plantas têm o processo de fotossíntese acelerado – o que faz a produção ser precoce. Isso traz benefícios para a qualidade da azeitona colhida nesta safra, mas pode dificultar o trabalho dos agricultores e até trazer riscos à produção.
“Como ponto positivo eu acho que pode até ser uma oportunidade de melhora nos frutos das oliveiras. No entanto, como fator negativo, pela época existe o risco de chuvas atrapalharem o processo da colheita. Isso porque nos meses de janeiro e fevereiro chove bastante”, destacou Banci.
É importante destacar que quando se fala em frio menos intenso, queremos dizer em relação ao suportado pelas plantas. A região da Serra da Mantiqueira está repleta de oliveiras e registrou dias consecutivos com temperaturas muito baixas, próximas ou abaixo de 0°C em 2020. De acordo com o especialista Carlos Antônio Banci, essas mudanças de clima causam mais impactos nas plantas mais novas.
“As plantas mais jovens são mais suscetíveis às variações do clima, o que faz aumentar ou diminuir a produção. Isso normaliza com o passar do tempo, quando a planta fica mais velha, fica mais resistente, melhor estruturada ao solo e um maior Sistema Radicular. Por conta disso, as plantas mais velhas conseguem amenizar as variações climáticas, sobretudo, as questões hídricas como a chuva”, explicou o especialista.
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O Sistema Radicular é a parte da planta responsável pela fixação dos vegetais e ajuda na eficiência da absorção de água e nutrientes. Quanto mais desenvolvido esse sistema, maior a absorção.
As principais cultivares de azeitonas colhidas na região são a Arbequina, cultivar espanhola que se adaptou bem ao solo local; a Grappolo 541, desenvolvida pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais; e a Koroneiki, de origem grega. Segundo pesquisadores da EPAMIG, é possível que o período de colheita se estenda até o mês de março, gerando uma expectativa de que a safra de 2021 supere a produção de 2020, quando a produção chegou a 50 mil litros de azeite.