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Lavar as mãos e manter a casa limpa são medidas simples para evitar o contágio da Covid-19. No entanto, segundo a levantamento da Fundação João Pinheiro, sete milhões de moradias no Brasil sofrem com alguma carência de infraestrutura, como a falta de abastecimento de água e serviço de esgoto. Para ajudar famílias gaúchas de baixa renda, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul (CAU/RS) pretende realizar melhorias sanitárias em residências, com a construção ou adaptação de banheiros.
Intitulado “Nenhuma Casa Sem Banheiro”, o projeto conta com o apoio do governo do Rio Grande do Sul, órgãos de fiscalização do estado e da ONU-Habitat. São estimados investimentos de aproximadamente R$ 500 mil. O programa pretende atender 11 mil domicílios, dado contabilizado pelo IBGE de casas no Rio Grande do Sul que não possuem banheiros. No entanto, o conselho acredita que o número esteja subestimado e seja maior.
Segundo o presidente do CAU Rio Grande do Sul, Tiago Holzmann da Silva, ficar em casa para boa parte da população, infelizmente, pode apresentar um risco de contágio da Covid-19. “Para grande parte da população do Rio Grande do Sul essa quarentena significa estar, muitas vezes, em uma situação precária em casas que não oferecem condições de moradia, qualidade de vida e segurança.”
Ele afirma que “lavar as mãos, ter acesso a água potável, sabonete e água limpa, o distanciamento social e morar em uma casa bem ventilada para muitos brasileiros é uma grande dificuldade”.
De acordo com José Stédile, secretário de Obras e Habitação do Rio Grande do Sul, o crescimento desordenado das cidades gaúchas é o principal fator para que as moradias não tenham infraestrutura adequada. “A concentração de pessoas nas grandes cidades fez com que aumentasse muito as áreas irregulares, as moradias sem água e banheiro e sem as mínimas condições de se viver”. Segundo Stédile, a prioridade do estado é regularizar esses locais ao invés de construir novos loteamentos.
Um artigo publicado por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) investigou os efeitos da falta da coleta de esgoto no aumento de casos do novo coronavírus. Baseado em pesquisas realizadas em diversos países, o estudo afirma que o vírus pode ficar através das fezes dos infectados, o que representa um risco a domicílios sem saneamento básico e sem acesso à água potável. É o que diz uma das professora a frente da pesquisa, Larissa Mies Bombardi, do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da instituição.
“As pessoas estão se infectando por conta dos resíduos das fezes. Ou seja, vírus presentes nos dejetos que entraram em contato com a água. É por isso que a falta de saneamento básico propicia o aumento de casos da Covid-19”, alegou a pesquisadora.
O Conselho de Arquitetura e Urbanismo gaúcho afirma que divulgará em breve uma chamada pública para arquitetos e urbanistas que tenham interesse em atuar no projeto “Nenhuma Casa sem Banheiro”. As prefeituras interessadas também vão contribuir financeiramente com as reformas realizadas em seus municípios.
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