Foto: Arquivo/CNM
Foto: Arquivo/CNM

Identificação e atendimento precoce são medidas eficazes para controlar avanço da Covid-19, defende especialista

Segundo a professora Carla Pintas Marques, não adianta saber se um paciente teve Covid-19, se não houver acompanhamento das demais pessoas que ele teve contato

SalvarSalvar imagemTextoTexto para rádio

O Brasil começou a semana com mais de 3,3 milhões de casos confirmados da Covid-19. O número de mortes relacionadas à doença, no país, já ultrapassa 108 mil. Os dados são do Ministério da Saúde. Apesar da doença estar presente em quase 99% dos municípios brasileiros, mais da metade das cidades (3.838) registram, atualmente, entre 2 a 100 casos. Em relação aos óbitos, quase 3.630 municípios tiveram registros, mas cerca de 765 deles apresentaram apenas um óbito confirmado.

Diante desse quadro, tanto o governo quanto especialistas perceberam que a identificação e o monitoramento precoce da Covid-19, associadas as outras estratégias, podem ajudar a conter as taxas de contaminação e de mortes pela doença causada pelo novo coronavírus.

“Quanto mais rápido fizermos esse acompanhamento, mais rápido controlaremos a doença. Assim, o vírus deixa de circular porque aquele indivíduo que está positivo para a Covid-19 vai ficar em isolamento, até passar o período da quarentena”, explica a professora do curso de Saúde Coletiva, da Universidade de Brasília (UnB), Carla Pintas Marques.

Neste caso, quando se trata de um atendimento precoce, a especialista se refere à atenção primária. Segundo Carla, como praticamente todos os municípios do país possuem esse tipo de atendimento, se esse trabalho for feito com seriedade, é possível sim, que a doença deixe de avançar nas cidades brasileiras.

“Esses são acompanhamentos que fazemos nas ações de Vigilância em Saúde. No caso de doenças como a Covid-19, que obrigatoriamente têm que ser notificadas, precisamos fazer essa avaliação prévia. Além disso, é necessário verificar a dimensão do crescimento desse número de casos. Não adianta saber que um paciente teve coronavírus, se não houver um acompanhamento das demais pessoas que ele teve contato”, ressalta Carla Pintas Marques.

Centros de Atendimento

No mês de junho, o Ministério da Saúde anunciou que iria repassar recursos aos municípios que criassem dois serviços no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) com o objetivo de reforçar a identificação e atendimento precoce de casos leves da Covid-19. Um deles é o Centro de Atendimento para Enfrentamento à Covid-19 e o outro o Centro Comunitário de Referência para Enfrentamento à Covid-19.

7,8 milhões de brasileiros ainda sofrem com distância de atendimento de alta complexidade

Planos de saúde são obrigados a fornecer testes de covid-19

Mais de 1 milhão de profissionais da saúde são cadastrados para atuarem no combate à covid-19

Segundo a secretária substituta de Atenção Primária à Saúde, Daniela Ribeiro, o trabalho desenvolvido no âmbito desses dois serviços precisa estar diretamente ligado à atenção primária. Dessa forma, ela acredita que haverá sucesso na contenção do avanço da Covid-19 e de outras doenças que preocupam os brasileiros.

“A rede de atenção primária à saúde tem que estar organizada, tem que permitir a continuidade das ações. As vacinas precisam ser ofertadas. Os diabéticos e os hipertensos precisam ir a farmácia básica pegar suas medicações. O acesso tem que existir, principalmente nesse momento”, desataca Daniela.

A Pasta já credenciou, até o momento, mais de 2.420 Centros de Atendimento em quase 2.070 municípios em todas as regiões do país. Essas estruturas podem ser implantadas em Postos, Centros de Saúde, Clínicas da Família ou Policlínicas. Além disso, recebem, mensalmente, recursos mensais para ofertar assistência às vítimas do novo coronavírus. A medida, de acordo com o ministério, desafora a demanda na Atenção Primária, responsável pelo acompanhamento de diabéticos, hipertensos. 

Receba nossos conteúdos em primeira mão.