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FIESC aposta em crescimento industrial catarinense acima da média nacional em 2021

Apesar da pandemia, indústria do estado e construção civil geraram mais de 33 mil empregos este ano

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O ano de 2021 promete ser de crescimento acima da média para a indústria catarinense. As perspectivas otimistas para o ano que vem são do presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Mario Cezar de Aguiar, que concedeu entrevista coletiva na última quarta-feira (9).
 
“Santa Catarina é um estado industrializado, com uma indústria diversificada, muito bem distribuída ao longo do estado. A nossa perspectiva para 2021 é de um ano bem superior à média brasileira. Sabemos das dificuldades que impedem o crescimento, como infraestrutura, questões tributárias e fiscais, mas temos a expectativa de que o crescimento no ano que vem será significativo”, acredita.
 
Tal confiança encontra respaldo em dois indicadores. O primeiro é a intenção de investir dos empresários industriais catarinenses, que chegou aos 74 pontos em novembro, bem acima da média nacional, de 59,3 pontos. O segundo é a expectativa de crescimento da economia do estado, em torno de 3,5%, ao passo em que o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil deve aumentar 2,8%, de acordo com o FMI.
 
Para Mário, a pandemia da Covid-19 evidenciou a dependência que o mundo tem de insumos produzidos nos países asiáticos, sobretudo a China, o que é uma oportunidade para que a indústria de Santa Catarina possa abocanhar uma parte deste mercado. “A indústria catarinense tem condições de absorver uma fatia dessa intenção do mundo todo de procurar outros fornecedores que não sejam asiáticos”, aposta.
 
Pablo Bittencourt, consultor econômico da Fiesc, ressaltou que os segmentos da indústria catarinense dependentes do consumo interno podem ter mais problemas para crescer no ano que vem. “Se a demanda no Brasil mostrar alguma dificuldade, esses setores tradicionais que estão muito vinculados à economia nacional, como confecções e calçados, podem ter um pouco mais de dificuldade em relação aos outros, mas hoje são esses os setores que crescem mais rápido.”

Balanço

Apesar da queda acentuada da atividade econômica catarinense entre os meses de março e maio por causa da pandemia da Covid-19, o resultado da indústria do estado é positivo. A indústria e a construção civil já geraram 33.613 empregos desde o início do ano, ao passo em que agropecuária, comércio e serviços conseguiram, somados, apenas 1.597 novos postos de trabalho. Além disso, dos R$ 60,5 bilhões que a economia de Santa Catarina faturou em outubro, 44% vieram da indústria.
 
Como era de se esperar, alguns segmentos industriais sofreram mais com a retração econômica causada pelas medidas de enfrentamento à pandemia. Na comparação com o ano passado, destaque para a queda de faturamento dos setores de Tecnologias da Informação e Comunicação (-20,1%), Indústria Automotiva (-15,3%) e Têxtil, Confecção, Couro e Calçados (-14,6%). No entanto, as perdas foram compensadas pelo crescimento de outros setores, com destaque para Alimentos e Bebidas, que registra alta de 23,4%.

Arte: Brasil 61
 
Efeitos da crise

Albano Schmidt, presidente da Termotécnica, uma empresa que produz embalagens, conta que o ano começou bem, mas que a pandemia teve impacto severo sobre o negócio. Para evitar a demissão de funcionários, a empresa tem cerca de 850, o industrial teve que dar férias, mandar alguns para o home office e reduzir a jornada e o salário dos trabalhadores.
 
“Nós sentimos uma queda vertiginosa dos negócios nos meses de abril e maio. Foi um momento extremamente difícil para toda a nossa operação. Naqueles momentos tivemos reduções que chegaram a quase 70% do faturamento e isso teve um impacto muito grande, principalmente nas atividades financeiras da empresa, o capital de giro foi muito prejudicado. Agora nós estamos retomando isso”, avalia. 
 
A recuperação está em curso, ele garante, mas esbarra em dois problemas: falta de mão de obra qualificada e de insumos. “Estamos até com problema na contratação de pessoal, porque é um momento que precisamos de mão de obra e estamos com bastante dificuldade de encontrar. Além disso, há uma violenta falta de matérias primas, quer seja papel, papelão, alumínio”, lamenta.

Impactos

Em meio ao cenário de recuperação, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) em Santa Catarina foi de 66,5 pontos em novembro. A média nacional ficou em 62,9, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

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