LOC: O Brasil 61 saiu em campo para saber a opinião de professores e especialistas em Direito Tributário sobre a proposta anunciada esta semana pelo Ministério do Trabalho, que pretende trazer de volta o imposto sindical obrigatório. A obrigatoriedade de o trabalhador ter a taxa descontada em seu salário deixou de existir no ano de 2017, através da reforma trabalhista do então presidente Michel Temer. Daquele momento em diante, a contribuição sindical passou a ser optativa aos trabalhadores brasileiros.
No entanto, antes mesmo de a proposta do atual governo ser apresentada, o projeto já desperta oposição no Congresso Nacional e também de especialistas em Direito Tributário, como o professor de Direito Tributário do Ibmec Brasília, Rodolfo Tamanaha; o diretor da Comissão de Direito Tributário da Ordem dos Advogados do Brasil em Goiás (OAB/GO), Guilherme Di Ferreira; e a mestre em Direito e especialista em Processo do Trabalho, Juliana Mendonça.
Os três tributaristas, ouvidos pela reportagem, foram unânimes em afirmar que a iniciativa representa um retrocesso.
O professor Tamanaha destacou que a discussão neste momento “seria no mínimo inapropriada”, devido ao esforço que o próprio governo vem fazendo para aprovar, na Câmara e no Senado Federal, a reforma tributária. Já o advogado Guilherme Di Ferreira, da Comissão de Direito Tributário da OAB de Goiás, afirmou que o fim da obrigatoriedade do imposto sindical foi um dos grandes avanços da reforma trabalhista de 2017. Segundo ele, a medida refletiu positivamente para os empregados.
SONORA: Guilherme Di Ferreira, diretor da Comissão de Direito Tributário da OAB/GO
“O funcionário novamente vai ser obrigado a ter mais descontos dentro do seu salário, e a gente também tem que ver como será descrito este projeto de lei, para ver se ela não possui inconstitucionalidades, se ela não será debatida no Judiciário, para que ela não entre em vigor ou caso ela entre, que ela seja questionada para que os funcionários não tenham mais descontos nos seus salários, além dos obrigatórios, que nós já temos hoje em dia na nossa grande e complexa carga tributária."
LOC: Para a especialista em Direito e Processo do Trabalho Juliana Mendonça, a possibilidade de o país vir a ter uma nova contribuição sindical obrigatória aos trabalhadores representa um retrocesso porque “tira o direito de escolha” dos empregados optarem por aprovar, ou não, a representação que estiverem tendo através dos sindicatos.
SONORA: Juliana Mendonça, especialista em direito e processo do trabalho
“O fato de obrigar a todo e qualquer trabalhador a ter esse recolhimento gera uma certa tristeza, porque é muito difícil você ser compelido a fazer algo que você não se sente bem representado; você não observa se aquele sindicato está fazendo aquele trabalho bem feito para você."
LOC: De acordo com o Ministério do Trabalho, a meta do governo é fixar a nova taxa em até 1% do rendimento anual do trabalhador, descontando a contribuição de forma compulsória da folha de pagamento. A quantia a ser paga seria definida em assembleias, com objetivo de democratizar as decisões e também para ficar clara que a intenção é buscar uma forma de fortalecer financeiramente os sindicatos.
Reportagem, José Roberto Azambuja