LOC.: O Programa de Estímulo à Cabotagem, conhecido como BR do Mar, deve contribuir para diversificar a matriz de transporte de cargas do Brasil, que é dependente do modal rodoviário. Além disso, pode baratear o custo do frete e dos produtos transportados por longas distâncias. É o que aponta um estudo do Observatório Nacional de Transporte e Logística.
Uma simulação do observatório mostra que, para movimentar aproximadamente 38 mil TEUs entre os portos de Suape (PE) e Santos (SP) são necessários 14 navios com um custo estimado de R$ 88 milhões. Por rodovia, o mesmo volume de carga demandaria 20 mil caminhões e custaria quatro vezes mais.
O deputado federal Sergio Souza (MDB-PR) afirma que, com o BR do Mar, os produtos que são transportados por longas distâncias tendem a ficar mais baratos.
TEC./SONORA: Sergio Souza (MDB-PR), deputado federal
“Nós temos uma BR do Mar que vai permitir uma cabotagem e uma redução de custo de produção enorme no Brasil, porque era mais barato eu mandar do meu estado, o Paraná, um caminhão de mantimentos para o Nordeste do que mandar para o porto e mandar do porto ao porto no Nordeste. Então isso é inadmissível”.
LOC.: Além da cabotagem, o governo e o Congresso Nacional adotaram outras medidas com o objetivo de reequilibrar a participação dos diferentes modais na matriz de transportes do país. O marco legal das ferrovias, por exemplo, tem potencial para aumentar de 20% para 40% a parcela dos trens na matriz de transportes.
Para Gilberto Gomes, especialista em infraestrutura, a agenda do governo federal e do Legislativo para o setor desde 2019 é marcada por medidas liberais que, diante da baixa capacidade de investimentos públicos, atraíram o capital privado para promover a modernização e diversificação da matriz de transportes do país.
TEC./SONORA: Gilberto Gomes, especialista em infraestrutura
“Se pegarmos, por exemplo, as reformas no setor de ferrovias, há praticamente uma revolução, em que você deixa de fazer ferrovias com investimentos públicos a partir de concessões para possibilitar que particulares construam suas próprias ferrovias por meio de autorização”.
LOC.: De acordo com o Ministério da Infraestrutura, a navegação por cabotagem cresceu 5,6% em 2021 na comparação com o ano anterior. A expectativa, agora, é para ver como o modal se comporta em 2022, primeiro ano em vigor da lei que estimula a navegação entre portos brasileiros.
Reportagem, Felipe Moura.