LOC.: Todo empreendedor, ao abrir um negócio, deve escolher um regime de tributação. No Brasil, existem três opções: o Lucro Real, o Lucro Presumido e o Simples Nacional.
O Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos e Contribuições, mais conhecido como Simples Nacional, foi criado em 2006 e permite unificar o pagamento de diversos tributos, inclusive impostos estaduais, como o ICMS, municipais, como o ISS, e a contribuição patronal para a previdência.
Podem optar pelo Simples Nacional os Microempreendedores Individuais, as Microempresas e as Empresas de Pequeno Porte. Para isso, é preciso respeitar o limite anual de faturamento de 81 mil reais para os MEIs, 360 mil reais para as Microempresas e 4 milhões e 800 mil reais para as Empresas de Pequeno Porte.
O Simples Nacional entrou em vigor no dia 1° de julho de 2007, depois que a luta de entidades encabeçadas pela Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil conseguiu aprovar o Estatuto da Micro e Pequena Empresa. Desde então, o número de optantes pelo regime passou dos iniciais 2,5 milhões para mais de 23 milhões em outubro de 2024, segundo a Receita Federal.
O especialista em direito tributário Thulio Carvalho, mestre em Direito pela PUC/SP, detalha os objetivos da criação do Simples Nacional.
TEC./SONORA: Thulio Carvalho, especialista em direito tributário
“Na sua origem, esse sistema teve como objetivo incentivar a formalização de atividades econômicas que estivessem em estágio inicial de desenvolvimento, assim como aquelas de pequeno porte. Na realidade, o que se pretendeu com a criação do sistema é reduzir a economia subterrânea, ou seja, reduzir a quantidade de negócios realizados à margem de fiscalização pelo Estado e que, por tal motivo, acabavam não tributados pela União, pelos estados e pelos municípios.”
LOC.: De acordo com levantamento do Sebrae, 71% dos empresários que optaram pelo Simples Nacional consideram que o sistema é de fácil entendimento e pelo menos metade afirma que pagaria mais impostos de mudasse para o regime de Lucro Presumido ou Lucro Real.
Segundo o gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae Ênio Pinto, o Simples Nacional deu visibilidade para muitos microempreendedores que estavam na informalidade.
TEC./SONORA: Ênio Pinto, gerente de relacionamento com o cliente do Sebrae.
“A condição de MEI permite que você tire um empreendimento da informalidade e, a partir do momento que ele é formal — que terá condição inclusive de ter notas fiscais —, [possa] vender para outras empresas, para o próprio governo. Acho que a figura do MEI é um divisor de águas na economia brasileira porque tira muita gente da informalidade e catalisa, impulsiona, acelera o processo de empreendedorismo na economia como um todo.”
LOC.: Do total de mais de 23 milhões de optantes pelo Simples Nacional, São Paulo é o estado que lidera com o maior número de CNPJs, com mais de 6 milhões de 600 mil; seguido por Minas Gerais, com 2 milhões e 400 mil; e Rio de Janeiro, com 2 milhões e 200 mil optantes pelo Simples Nacional.
Reportagem, Paloma Custódio