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LOC 1: Seis entre os dez estados com maiores taxas de violência sexual contra crianças e adolescentes fazem parte da Amazônia Legal. Os dados são do estudo “Violência contra crianças e adolescentes na Amazônia”, lançado pelo UNICEF e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Entre 2021 e 2023, a região somou mais de 38 mil casos de estupro contra vítimas de até 19 anos e quase 3 mil mortes violentas intencionais na mesma faixa etária.
A Amazônia Legal é composta por mais de 700 municípios distribuídos em nove estados do bioma amazônico. O levantamento, elaborado a partir de dados das Secretarias de Segurança Pública de todo o país, aponta que a taxa de violência sexual na região, em 2023, foi de 141,3 casos por 100 mil crianças e adolescentes, 21,4% acima da média nacional.
O crescimento dos registros também superou o resto do país. Enquanto o Brasil registrou aumento de 12,5% nas notificações entre 2021 e 2022, na Amazônia, o salto foi de 26,4%.
Os estados com maiores índices na região são Rondônia, com 234,2 casos por 100 mil menores; Roraima, com 228,7 casos; Mato Grosso, com 188 casos; Pará, com 174,8 registros; Tocantins, com 174,2 casos; e Acre, com 163,7 registros.
O relatório também expõe desigualdades raciais, sendo negras 81% das vítimas de estupro na região e, nas mortes violentas, crianças e adolescentes negros têm três vezes mais riscos de serem vítimas que brancos. Entre indígenas, os casos de violência sexual mais que dobraram no período analisado.
A psicóloga Isabella Abrantes alerta que a violência sexual contra crianças e adolescentes é um fenômeno com raízes socioculturais, ligado a crenças, valores, vulnerabilidades socioeconômicas, contextos históricos e à falta de acesso a direitos básicos como saúde, educação, alimentação, lazer e, sobretudo, à perpetuação do abuso de poder.
Ela orienta que qualquer suspeita seja imediatamente denunciada e que a vítima nunca seja deixada sozinha com o possível agressor.
TEC./SONORA: Psicóloga Isabella Abrantes.
“A maioria dos abusadores são familiares e são pessoas próximas da vítima. Denuncie, vá ao conselho tutelar, vá a uma delegacia especializada, busque rede de apoio, busque entender, busque perceber os sinais, busque pessoas especializadas para te ajudar. Não deixe a criança ou o adolescente sozinha nunca com um possível abusador. Isso potencializa os quadros de violência e, sempre, proteja, nunca culpe a vítima.”
LOC 2: A especialista reforça a importância de a sociedade estar atenta a sinais de violência, como: mudança repentina de comportamento, isolamento; medo, choro, agressividade, conversas ou atitudes impróprias para a idade, repulsa ou forte apego por determinada pessoa, marcas físicas e infecções recorrentes.
Para denunciar casos de abuso contra crianças e adolescentes, ligue para o Disque 100, procure o Conselho Tutelar mais próximo ou registre um boletim de ocorrência em uma delegacia especializada, como a Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente.
Reportagem, Deborah Souza.