LOC.: Para tentar minimizar o problema da falta de vagas em creches no Brasil — que afeta dois milhões e meio de crianças de zero e três anos — e aumentar a oferta na rede pública para esta faixa etária, o governo federal deve retomar 3.783 obras paralisadas e inacabadas em todo o país. Entre elas, 1.317 unidades de educação infantil, como creches e pré-escolas. Os empreendimentos devem ser feitos por meio do Pacto Nacional pela Retomada de Obras e de Serviços de Engenharia Destinados à Educação Básica e Profissionalizante.
A doutora em educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Catarina de Almeida Santos, avalia que ampliar a infraestrutura básica para a geração de novas vagas é 'fundamental'. Mas ressalta que os gargalos da educação no país não se restringem apenas à falta de escolas e creches.
TEC/SONORA: Catarina de Almeida Santos, doutora em educação e professora da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília
“Se junto com essa parte fundamental, eu não tiver os outros elementos desse processo, isso também não se concretiza. Por exemplo, eu preciso de uma instituição de educação infantil com infraestrutura no sentido de um prédio adequado? Preciso. Mas eu preciso ter equipamentos pedagógicos, preciso de brinquedoteca e preciso também de profissionais da educação, concursados na rede, com formação continuada e carreira.”
LOC.: Segundo o engenheiro especialista em infraestrutura, João Batista Soares Feitosa, a paralisação de obras de grande porte pode acarretar prejuízos financeiros e operacionais significativos.
TEC/SONORA: João Batista Soares Feitosa, engenheiro especialista em infraestrutura
“Com um custo adicional na própria obra, uma paralisação prolongada pode gerar um custo adicional como a taxa de armazenamento de equipamento, a própria locação do maquinário, taxa de licenciamento, entre outros. E a gente pode ainda citar a própria depreciação dos materiais utilizados na obra, por exemplo, uma obra de grande porte relacionada à infraestrutura o material de construção tem uma vida curta e pode depreciar com o tempo, especialmente se ele não estiver sendo utilizado.”
LOC.: Feitosa salienta ainda que “é essencial que empresas, governo e sociedade organizada adotem medidas para evitar ou minimizar paralisações, justamente para manter a eficiência dos projetos e reduzir riscos financeiros”.
Ao todo, o investimento previsto para o programa de retomada de obras é de 3 bilhões e 900 milhões de reais e a estimativa é que sejam abertas 741 mil novas vagas na rede pública estadual e municipal.
Reportagem, Lívia Braz