Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Pandemia afetou saúde mental de 53% dos brasileiros, revela pesquisa

De acordo com o estudo do Instituto Ipsos, o Brasil é o quinto país onde a população mais sentiu piora na saúde mental e emocional


Análise feita pelo Instituto Ipsos, especialista em pesquisa de mercado e opinião pública, constatou que 53% dos brasileiros acreditam ter a saúde mental afetada após a pandemia de Covid-19. 

Denominado One Year of Covid-19, o estudo, feito em 30 países, revela que o número de respondentes que afirmam ter tido melhora na saúde mental é de 14%, enquanto 34% não notaram qualquer diferença neste quesito.

Entre os 30 países participantes, o Brasil está classificado como o quinto onde a população mais tem sentido as consequências da pandemia em seu bem-estar emocional.  Os três países que lideram o ranking de maior população afetada são a Turquia (61%), a Hungria (56%) e o Chile (56%).

Alessandra Araújo, psicóloga, lembra que uma das mudanças proporcionadas pela pandemia foi o trabalho home office, para alguns profissionais. Segundo ela, a troca de rotina pode ter sido o motivo para o aumento nos quadros de ansiedade. 

“Quando precisamos ficar em casa, três eventos trouxeram muito desconforto, inicialmente. O primeiro é que eu preciso ressignificar minha casa, que era só para descansar, em um ambiente de trabalho. O segundo é ter que manejar com as pessoas que moram junto comigo, pois os membros das famílias também precisavam executar suas tarefas. E o terceiro é não ter limite de horas para trabalhar, em alguns casos, causando então um excesso de trabalho, o que acaba desenvolvendo quadros de ansiedade e burnout”, explica a psicóloga.

Gabriel Prado, de 21 anos, atua na área de mídias sociais. No período em que trabalhou de casa, acabou desenvolvendo doenças como ansiedade e depressão. Ele conta que trabalhava deitado na cama e começou a perceber que estava se sentindo sempre cansado e improdutivo.

“Uma coisa que eu aprendi foi que, quando você trabalha em um ambiente caseiro, é bom você ter uma separação de onde você dorme, porque traz um certo acômodo e, com esse acômodo, você acaba não querendo produzir direito”, comenta.

Giovanna Gogosz, especialista em psicoarquitetura, explica que o nosso cérebro trabalha com a memória associativa, então sempre que se entra em um ambiente e repetimos a mesma ação dentro dela, criamos esse viés associativo de memória. 

“Toda vez que você entra no quarto para trabalhar, a sua mente entende isso, passa uma mensagem para o seu cérebro e, automaticamente, você vai entrar em um tipo de frequência cerebral. Aí quando você entra nesse mesmo ambiente a fim de descansar, você não consegue porque está com aquele viés associativo de outra atividade”, explica. 

A especialista orienta que o ideal para se trabalhar em casa é um ambiente afastado do seu local de descanso, mas para as pessoas que não tem outro lugar disponível, além do quarto, o melhor a se fazer é colocar uma mesa afastada da cama e, se possível, uma divisória entre os dois ambientes. 

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LOC.:  Um estudo realizado em 30 países pelo Instituto Ipsos constatou que o Brasil é o quinto país onde a população mais alega ter apresentado uma piora no bem-estar mental e emocional. 
De acordo com o levantamento, 53% dos entrevistados acreditam que a pandemia de Covid-19 afetou de forma negativa a saúde mental. Outros 14% afirmaram ter tido melhora e 34% não notou qualquer diferença neste quesito.

Os três países que lideram o ranking de maior população afetada são a Turquia, com 61%; e Hungria e Chile, ambos com 56% dos entrevistados alegando ter sofrido piora na saúde mental. 

A psicóloga Alessandra Araújo lembra que uma das mudanças proporcionadas pela pandemia foi o trabalho home office, para alguns profissionais. Segundo ela, a troca de rotina pode ter sido o motivo para o aumento nos quadros de ansiedade. 
 

TEC./SONORA: Alessandra Araújo - psicóloga

“Quando precisamos ficar em casa, três eventos trouxeram muito desconforto, inicialmente. O primeiro é que eu preciso ressignificar minha casa, que era só para descansar, em um ambiente de trabalho. O segundo é ter que manejar com as pessoas que moram junto comigo, pois os membros das famílias também precisavam executar suas tarefas. E o terceiro é não ter limite de horas para trabalhar, em alguns casos, causando então um excesso de trabalho, o que acaba desenvolvendo quadros de ansiedade e burnout.”
 


LOC.: O social media de 21 anos, Gabriel Prado, relata que, quando teve que trabalhar em casa, desenvolveu doenças como ansiedade e depressão. Ele conta que trabalhava deitado na cama e começou a perceber que estava se sentindo sempre cansado e improdutivo.
 

TEC./SONORA: Gabriel Prado - social media

“Uma coisa que eu aprendi foi que, quando você trabalha em um ambiente caseiro, é bom você ter um separação de onde você dorme, porque traz um certo acômodo e, com esse acômodo, você acaba não querendo produzir direito.”
 


LOC.: A especialista em psicoarquitetura Giovanna Gogosz explica que o nosso cérebro trabalha com a memória associativa, então sempre que se entra em um ambiente e repetimos a mesma ação dentro dele, criamos esse viés associativo de memória. 

Nesse sentido, ela orienta que o ideal para se trabalhar em casa é que as atividades laborais sejam feitas em um ambiente afastado do local de descanso. Caso isso não seja viável, o melhor a se fazer é trabalhar em uma mesa afastada da cama e, se possível, por uma divisória entre os dois ambientes. 

Reportagem, Sophia Stein