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O cultivo da soja para a safra 23/24 em Mato Grosso alcançou 60% na última sexta-feira (20) segundo dados do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA). Apesar do avanço, a semeadura do grão no estado está atrasada 6,94 pontos percentuais em comparação ao mesmo período de 2022.
Segundo o presidente da Aprosoja Mato Grosso, Fernando Cadore, as chuvas irregulares são as responsáveis pelo atraso. Além disso, as altas temperaturas e o tempo muito quente devem colocar em risco os plantios já semeados.
“A temperatura alta pode comprometer o desenvolvimento e até fazer com que se perca as lavouras em desenvolvimento inicial. Então isso, além de trazer a insegurança, já coloca em risco a produtividade da nova safra. Ela gera um atraso também no desenvolvimento da soja, em consequência, na próxima semeadura de milho, que já se encontra com o custo elevado. Então o cenário é de muita apreensão. No ano de custos elevadíssimos, a gente tem regiões muito atrasadas e por agravante já temos muitos relatos de replantio de lavouras que precisam de água nos próximos dias sob pena de se perder”, diz.
O vice-presidente sul da Aprosoja-MT, Jorge Diego Giacomelli, cita outros prejuízos que o atraso da semeadura de soja pode causar.
“O que vai ser plantado mais tarde muito possivelmente vai sofrer com a questão da ferrugem asiática, já que teve áreas semeadas dentro do vazio sanitário. Outro problema grande que se vê é que geralmente os meses de fevereiro e março são muito chuvosos aqui no Mato Grosso, então vamos ter um problema de excesso de umidade na colheita e possivelmente isso traz prejuízo para o produtor. Porque além de atrapalhar tirar esse grão da lavoura, geralmente a qualidade desse grão acaba sendo prejudicada e isso reflete o prejuízo”, destaca.
Segundo a Aprosoja-MT, a região que apresenta a maior área plantada até o momento é a região médio-norte, com 80,21%. Na sequência, a região oeste aparece com 79,91% de área semeada, seguido das regiões noroeste e centro sul com 60,49% e 58,94% de áreas plantadas, respectivamente.
Logo após aparece a região norte, que semeou 52,93% de sua área e região sudeste, que alcançou 41,99% da semeadura. A região que menos plantou até o momento foi a região nordeste, com 39,91% semeado.
O vice-presidente sul da Aprosoja-MT ainda ressalta que os produtores devem ter cautela. “Diante de todo esse cenário que além do clima, nós temos também um mercado que está muito desfavorável, eu acho que o produtor tem que se manter com o pé no chão, tem que ser cauteloso e segurar os investimentos. E tentar chegar em uma conta que equalize alguma margem, porque o que é importante é a rentabilidade do produtor”, afirma.
Conforme o IMEA, o estado deve colher 43,78 milhões de toneladas de soja na safra 2023/2024. O número é um milhão a menos que na safra 2022/2023.
Segundo a meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia, Naiane Araújo, a combinação de calor e alta umidade no estado pode provocar chuvas com mais intensidade durante essa semana.
“Conforme esquenta, deve estourar mais áreas de instabilidade espalhadas pelo estado. Então todo o estado está com uma perspectiva de receber essas pancadas de chuva a partir da tarde e não se descarta chuva forte em algum ponto ou outro. Nos próximos dias esse cenário se manterá, então a tendência é ir até o final dessa semana. A instabilidade ganha força, inclusive toda essa área central do país, então, incluindo o estado de Mato Grosso e de ser uma segunda metade da semana, com boas perspectivas de chuva. Essa chance começa a diminuir novamente a partir do final de semana”, ressalta.
A meteorologista ainda explica que o período chuvoso no estado deve aumentar conforme o verão se aproxima.
“Primavera é estação de transição, então é quando essa área central do Brasil começa a sair do período seco, que é o inverno e começa a migrar para o período mais chuvoso que é o verão, mas nessa transição principalmente ao longo da primavera a região já vai recebendo mais chuva e conforme a gente vai se aproximando cada vez mais do verão. Então geralmente no mês de dezembro, janeiro, são os picos de chuva em todo o centro-oeste e Mato Grosso também”, explica.
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