Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

MT: Com tipo sanguíneo B negativo em nível crítico, MT - Hemocentro faz apelo por mais doações

Pandemia da Covid-19 afastou doadores e reduziu em 37% o número de doações no ano passado

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A pandemia do novo coronavírus afastou muitos doadores dos bancos de sangue e fez com que os registros de doações caíssem em Mato Grosso. De acordo com o MT- Hemocentro, houve uma queda de 37% no número de bolsas de sangue coletadas em toda a hemorrede: foram cerca de 50.390 unidades, em 2020, ante um pouco mais de 69 mil em 2019, segundo a instituição. A maioria dos estoques de sangue da rede está estável. A preocupação é com os níveis do tipo sanguíneo B negativo, que estão críticos. 

Para doar sangue, o candidato pode se dirigir até o hemocentro coordenador do estado, que está localizado na rua 13 de junho, número 1055, Centro Sul, em Cuiabá. O telefone para contato é o (65) 3623-0044. No entanto, para os moradores de outros locais, há unidades dos hemocentros regionais, que ficam em Água Boa, Alta Floresta, Barra dos Bugres, Barra dos Garças, Cáceres, Colíder, Juara, Juina, Mirassol D’oeste, Porto Alegre do Norte, Primavera do Leste, entre outros. 
O número de candidatos à doação em Mato Grosso é de 24.224 pessoas, mas esse quantitativo não é o suficiente para atender todo o estado com segurança.

Gian Carla Zanella,  diretora geral do MT-Hemocentro, faz um apelo para que a população mato-grossense procure o hemocentro e ajude a salvar vidas.  

“Nós temos pacientes em nosso ambulatório com doenças hematológicas que precisam fazer regularmente essa transfusão sanguínea. Precisamos dos doadores de sangue para que consigamos salvar a vida dessas pessoas. Por isso, é fundamental que busquem as unidades de coleta de transfusão em seus municípios e façam essa doação porque doando sangue você está doando vida.”

Gian Carla explica que o medo do novo coronavírus é o principal motivo para os doadores não comparecerem às unidades de coleta. Ela afirma que é seguro doar sangue em meio à pandemia e que o hemocentro tem seguido todas as medidas sanitárias necessárias para contenção da Covid-19.

“A gente verifica a temperatura dos doadores quando faz a triagem. Os profissionais usam equipamento de proteção individual descartáveis e a higienização das cadeiras frequentemente. Depois que uma pessoa doa sangue, a cadeira é higienizada com álcool 70%, para o próximo doador se sentar e doar com segurança”, esclareceu Gian.

Ela também destaca a importância da doação de medula óssea. Mato Grosso possui 68 mil pessoas cadastradas para doação de medula. No entanto, apesar do número ser positivo, a diretora explica que é preciso muito mais, já que a chance do paciente encontrar um doador compatível é de uma a cada 100 mil. 

“Mato Grosso por ter uma diversidade de raças muito grande, ou seja, uma miscigenação bastante interessante, há uma riqueza genética muito boa. É fundamental que as pessoas façam esse cadastro e doem”, completou Gian Carla. 

Exemplo de solidariedade

O servidor público Marcelo Augusto Modesto, 59 anos, mora no bairro Boa Esperança, na capital mato-grossense. Ele conta que começou a doar sangue na década de 80. A sua primeira doação partiu de um convite de um desconhecido. Na época, ele era militar e se deparou com um pedido de ajuda de um filho para salvar a vida do pai que estava hospitalizado. 

“Ele perguntou se eu gostaria de ajudar a salvar a vida do pai dele. Nunca havia doado até aí, mas senti a imensa obrigação de auxiliar o próximo. E a partir de então, usei esse ato como de costume em minha vida”, contou. 

De lá para cá, Marcelo não parou mais de contribuir com os estoques do hemocentro de Cuiabá. Hoje, ele faz doações de plaquetas 12 vezes ao ano. Para incentivar ainda mais pessoas a aderirem o gesto de solidariedade, ele lançou em 2020 o projeto “Doadores nota 1000” em parceria com o MT- Hemocentro. O objetivo era conseguir, no mínimo, mil doações no mês de dezembro, quando as doações tendem a cair devido às festas de fim de ano.

“No mês de dezembro a procura de sangue aumenta e de doadores diminui. É um incentivo para que durante esse mês as pessoas façam a doação de sangue antes de entrarem de férias e se fidelizem ao MT hemocentro. A ideia é você cadastrar novos doadores e fidelizar durante o ano todo”, disse Marcelo. 

Em dezembro de 2020, o projeto conseguiu alcançar a meta e contabilizou 1.142 doações. Neste ano, o objetivo é coletar 1.500 bolsas de sangue, tendo em vista que no ano passado, 1.490 pessoas se candidataram a doação e desse número somente 1.442 seguiam os critérios e conseguiram doar. 

“Eu não consigo dizer quantas vezes eu já doei sangue, mas o que fica bem caracterizado para mim é que cada vez que eu vou ajudar o próximo sinto que estou sendo ajudado. Nós precisamos ser solidários com outro ser humano, pois fazer o bem faz bem para quem faz”, acrescentou Marcelo.

Marcelo doando sangue (Arquivo pessoal)

Importância da doação regular

A doação é voluntária e pode beneficiar milhares de pessoas, independente do parentesco. De acordo com o Ministério da Saúde, são realizadas três milhões de doações de sangue por ano na rede do Sistema Único de Saúde (SUS). O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, destaca a importância da doação regular.

“Vamos aproveitar essa oportunidade para reafirmar não só as ações de enfrentamento à pandemia, mas também a necessidade contínua de cumprir o preceito constitucional da saúde como direito fundamental. O sangue, ao longo do tempo, simboliza a vida. E nesse sentido, é importante a doação regular de sangue. Doe sangue regularmente, com a nossa união, a vida se completa.”

Onde doar sangue em Mato Grosso

O MT- Hemocentro possui unidades de coleta espalhadas em 15 municípios. Entre eles, Água Boa, Cuiabá, Garças, Cáceres, Colíder, Juara, Juína, Mirisol D’oeste, Porto Alegre do Norte e Primavera do Leste. 

Procure a unidade mais próxima da sua cidade e doe sangue e medula óssea. Para ser doador, é necessário fazer um agendamento no site da instituição. Também estão sendo realizados agendamentos por meio dos telefones (65) 3623-0044 (ramais 221 e 222) e WhatsApp (65) 98433-0624. Para mais informações sobre endereços e horários de funcionamento das unidades, veja o mapa abaixo.

Critérios para doação de sangue e medula óssea

De acordo com a Coordenação-Geral de Sangue e Derivados do Ministério da Saúde, o procedimento para doação de sangue é simples. Primeiro se faz o cadastro, aferição de sinais vitais, teste de anemia, triagem clínica, coleta de sangue e depois o lanche. Isso tudo leva em média 40 minutos.

Vale lembrar que até mesmo quem foi infectado pelo coronavírus pode doar sangue e medula óssea. No entanto, é necessário aguardar 30 dias após completa recuperação da doença. Quem teve contato com pessoas infectadas também precisa esperar 14 dias para poder fazer a doação, apresentando RT-PCR negativo e ausência de sintomas. Já os vacinados, devem esperar o tempo de imunização que vai depender da marca do imunizante.

Para doar sangue é necessário ter entre 16 e 69 anos de idade e pesar no mínimo 50 quilos. Mulheres podem doar até três vezes ao ano com intervalo de 3 meses entre as doações. Já os homens podem doar até quatro, com intervalo de 2 meses entre as doações. A doação é voluntária e uma bolsa de apenas 450mL de sangue pode ajudar até quatro pessoas.

Candidatos a doação de medula óssea devem ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e não apresentar doença infecciosa ou incapacitante. Segundo o Redome, algumas complicações de saúde não são impeditivas para doação, sendo analisado caso a caso. 

Doar sangue e medula é seguro! Com a pandemia, todos os protocolos de contenção contra a Covid-19 estão sendo realizados. No dia da doação, será preciso apresentar documento de identificação com foto. Para saber mais sobre os critérios e restrições para doação de sangue e de medula óssea, acesse o site mthemocentro.saude.mt.gov.br.

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