LOC.: A regulamentação do mercado de crédito de carbono no Brasil tem potencial para financiar a proteção de toda a área da floresta amazônica. É o que afirma o especialista em direito ambiental Alessandro Azzoni. Ele argumenta que a implementação desse mercado é uma ferramenta também para a preservação de outros biomas brasileiros, como o Cerrado e a Mata Atlântica. O mercado de crédito de carbono é um sistema para reduzir as emissões de gases de efeito estufa.
TEC./SONORA: Alessandro Azzoni, especialista em direito ambiental
“O Brasil poderia se monetizar sem ter que receber doações de países europeus para preservar a Amazônia, por exemplo. A própria emissão dos créditos de carbono da própria Amazônia poderiam se financiar, não só a proteção como toda a recuperação da área. E aquele produtor que tinha uma área praticamente desmatada, vai reflorestar para poder tirar crédito de carbono, porque vai ser muito mais rentável do que ele manter um pasto.”
LOC.: O governo federal espera ter uma proposta de regulamentação do mercado de carbono antes mesmo da Conferência do Clima, prevista para dezembro, nos Emirados Árabes.
A Confederação Nacional da Indústria, a CNI, apresentou ao governo uma proposta para a implementação de um sistema regulado de comércio de emissões de carbono no Brasil no modelo Cap and Trade. Ou seja, cada empresa tem um limite determinado: as que emitem menos ficam com créditos, que podem ser vendidos àquelas que passaram do limite.
O Congresso Nacional também discute propostas para regular o setor. Segundo o deputado federal Nilto Tatto, do PT de São Paulo, membro titular da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, o crédito de carbono é um instrumento necessário para enfrentar a crise climática no planeta. O parlamentar acredita que o Brasil está atrasado na regulamentação interna desse mercado e defende uma legislação que permita ao poder público ter capacidade de acompanhar, monitorar e fiscalizar esse comércio.
TEC./SONORA: deputado federal Nilto Tatto (PT-SP)
“Acaba também sendo uma oportunidade para os países em desenvolvimento ter recursos para trilhar um caminho de desenvolvimento que seja de baixa emissão de gases de efeito estufa. E , assim, contribuindo para melhorar a qualidade de vida da sua população sem precisar seguir o mesmo caminho que os países desenvolvidos trilharam ao longo dos últimos 250 anos que levou a essa situação de crise climática que coloca em risco a vida do próprio planeta.”
LOC.: O potencial de geração de receitas com créditos de carbono até 2030 para o Brasil subiu de 100 para até 120 bilhões de dólares, segundo estudo da Câmara de Comércio Internacional, em parceria com a WayCarbon. A estimativa é que o país consiga gerar 8 milhões e meio de empregos até 2050.
Reportagem, Fernando Alves