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No ano de 2023, o Brasil notificou mais de 140 mil casos de malária. Os estados amazônicos concentram quase a totalidade dos casos. E é nas áreas rurais, territórios indígenas, assentamentos e nos garimpos onde essa doença – determinada socialmente – se concentra.
Diante desse contexto, o governo brasileiro, lançou uma ação conjunta de 14 ministérios – o Programa Brasil Saudável –, para eliminar como problema de saúde pública a malária e outras 10 doenças e cinco infecções determinadas socialmente.
O Brasil 61 conversou com o médico veterinário e coordenador de Eliminação da Malária do Ministério da Saúde, Alexander Vargas, que falou sobre os esforços interministeriais previstos pelo Brasil Saudável, as frentes de trabalho e os avanços no diagnóstico e tratamento da malária.
Brasil 61: O que é a Malária?
Alexander Vargas: “Malária é uma doença causada por um protozoário (plasmódio) e transmitida por um mosquito — Anopheles — e quem transmite a malária é a fêmea do mosquito Anopheles, que está nesse ambiente de mata, de selva, mais periurbano ou na área rural. Causa febre, dores de cabeça, dor no corpo, pode dar calafrios — a pessoa sente muitos tremores — e apresenta uma produção aumentada de suor”.
Brasil 61: Quais são as características sócio-econômicas que favorecem a maior incidência da malária?
Alexander Vargas: “A malária é uma doença que ocorre basicamente nos estados da Amazônia do Brasil e está muito relacionada com as questões socioeconômicas, ou seja, são áreas indígenas, rurais, de assentamentos novos, de garimpo e locais onde tem pessoas mais vulneráveis”.
Brasil 61: Quais locais estão mais vulneráveis?
Alexander Vargas: “Na área indígena, a gente sabe das questões de difícil acesso, de desnutrição, de outras doenças que, concomitante com a malária, podem levar a um desfecho de óbito dessas pessoas. Assim como nas áreas de garimpo, em decorrência das alterações do meio ambiente, formam-se criadouros do mosquito que propiciam a proliferação da malária”.
Brasil 61: Como é feito o tratamento da malária?
Alexander Vargas: “O tratamento da malária deve começar por uma unidade básica de saúde e, dependendo do lugar que você estiver, seja em área indígena, em áreas mais afastadas, buscando o atendimento desses profissionais de saúde — microscopistas, agentes de endemia, agentes comunitários de saúde — eles são treinados para fazer o diagnóstico bem rapidamente. Basta apenas coletar uma gotinha de sangue. Pode ser feito por um microscópio. Há também testes rápidos de malária que, em 15 ou 20 minutos, já se tem o resultado do exame”.
Brasil 61: o que o Brasil tem de novidade no tratamento da malária?
Alexander Vargas: “Estamos implementando uma droga nova e inovadora no Brasil chamada Tafenoquina. A vantagem é que ela é feita [administrada] num único dia — juntamente com a cloroquina, que vai ser feita durante três dias — e a Tafenoquina fica até 28 dias no organismo evitando recaídas e aumentando a adesão das pessoas ao tratamento da malária”.
Brasil 61: Quais podem ser as consequências de não tratar a malária?
Alexander Vargas: “Se você não for tratado, você continua transmitindo a malária, porque os mosquitos vão se alimentar do seu sangue e vão transmitir. A malária falciparum é preocupante, porque tem uma letalidade maior que a vivax. Então, em caso de febre nessas regiões amazônicas, é preciso buscar o atendimento para saber se é malária ou outra doença”.
Brasil 61: Grande parte dos casos de malária atinge povos indígenas e trabalhadores do garimpo. Por que essas populações estão mais vulneráveis à doença?
Alexander Vargas: “O garimpo hoje representa 14% dos nossos casos de malária, mas o que tem maior carga da doença é a área indígena e [a população indígena] é a mais vulnerável. Para a gente ter toda uma logística de chegar, de se tratar. Mas é o que estamos atuando nos últimos anos, fortalecendo, principalmente, as áreas indígenas mais distantes — onde só se chega com o avião ou com embarcação”.
Brasil 61: Como o Programa Brasil Saudável está atuando para eliminar a malária como problema de saúde pública no país?
Alexander Vargas: “A gente tem que atuar em várias frentes. O mais importante é diagnosticar e tratar. Assim se diminui a carga global da doença e, conjuntamente com isso, nós trabalhamos com a utilização de mosquiteiros, de inseticidas, na educação em saúde, repelentes, telas nas casas. Mas o mais importante é diagnosticar e tratar”.
Mais informações sobre a malária e sobre o Programa Brasil Saudável, acesse www.gov.br/saude. Você também pode ligar para o Disque Saúde 136. O serviço funciona 24 horas e a ligação é gratuita.
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