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A desigualdade de cobertura de internet vai diminuir após o Leilão do 5G, principalmente nas rodovias federais, que devem receber o 4G em sua totalidade, de norte a sul, até 2029. Foi o que explicou Marcos Ferrari, presidente da Conexis Brasil Digital, sindicato nacional das empresas de telefonia. O gestor foi um dos convidados do 1º Fórum ITL de Inovação do Transporte, promovido pela Confederação Nacional do Transporte, nessa quarta-feira (9). Com o tema “Novas tecnologias e conectividade nas rodovias brasileiras”, o evento destacou o papel da conectividade nas vias no que diz respeito à evolução da segurança e o melhor desenvolvimento de diversos setores, como transporte, indústria e agronegócio.
Marcos Ferrari ressaltou que o leilão do 5G corrigiu um erro do passado, quando os editais do 3G e do 4G sequer previam a instalação da conexão nas rodovias do país. Ele explica que isso deixou cerca de 60% das estradas brasileiras completamente desconectadas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, causando uma grande desigualdade.
“Nós temos 40% de cobertura nas rodovias federais com 4G, mas de maneira muito díspar. A gente vê que alguns estados têm menor cobertura ou muito pouca, e outros têm maior cobertura”, apontou o gestor.
Segundo Ferrari, enquanto mais de 90% das rodovias próximas ao Distrito Federal possuem cobertura 4G, e mais de 80% das vias no Rio de Janeiro e São Paulo estão conectadas, estados como Rondônia, Mato Grosso, Acre, Pará, Roraima e Amapá possuem menos de 30% de cobertura. A pior situação é registrada no Amazonas, com apenas 4,6% das rodovias recebendo sinal de internet.
A cobertura de 4G em todas as rodovias federais só será possível graças ao Leilão do 5G não arrecadatório, cujo dinheiro será direcionado à instalação da nova tecnologia em todo o país e para a resolução de antigos problemas de conectividade, como é o caso das rodovias. A Winity II, compradora da faixa de 700 MHz, terá obrigação de construir uma rede de telefonia móvel com tecnologia 4G que esteja disponível em 35,7 mil quilômetros de rodovias federais. A região Nordeste será a principal beneficiada, com mais de 11 mil quilômetros de cobertura.
O secretário de Telecomunicações do Ministério das Comunicações, Artur Coimbra, lembrou que o edital prevê a cobertura com tecnologia no mínimo 4G nas rodovias, ou seja, alguns trechos podem contar já com a quinta geração de internet. Deste modo, tanto uma quanto a outra serão importantes para o desenvolvimento de diversos modais em todas as estradas federais. “Isso é importante por várias razões. Por razões logísticas, você tem questões de monitoramento de carga, veículos autônomos, que é algo que é algo incipiente, mas tende a crescer nos próximos anos. Mas também do ponto de vista de segurança viária, você ter um meio de se comunicar em caso de uma emergência”, ressalta o secretário.
O ministro de Ciência, Tecnologia e Inovação, Marcos Pontes, foi outro participante do Fórum a exaltar os benefícios das rodovias conectadas, principalmente para o setor produtivo. “A gente fala em melhorar a eficiência, melhorar o tempo entre os pontos, melhorar a capacidade de carga, com a redução de peso, melhorar o controle de fluxo dos veículos de forma geral, melhorar a segurança da operação, pois a tecnologia ajuda a aumentar o nível de segurança contra roubos, além da redução de acidentes, já que os motoristas podem perceber e reagir a essas condições de risco”, enumerou o ministro.
O investimento para levar cobertura de internet a todas as rodovias pavimentadas do País será feito pela Winity II, empresa que arrematou a faixa de radiofrequência de 700 MHz e que passa a ser a quinta operadora de alcance nacional do Brasil. No edital do lote, que excedeu em R$ 1,2 bilhão (805%) o preço mínimo estipulado, ficou prevista a total cobertura para os próximos oito anos.
Entre as metas estabelecidas, estão a implementação da tecnologia em 10% das estradas federais até dezembro de 2023 e a evolução ano a ano, com a totalização da conectividade nos 37 mil quilômetros até dezembro de 2029.
Ao todo, 2.349 trechos pavimentados que atualmente não recebem a internet estarão conectados. A cobertura abrange todos os estados, mas principalmente as rodovias de regiões que ainda não contam com infraestrutura de conectividade. O objetivo é levar a conectividade a rodovias importantes como a BR-116 (maior do país), a BR-101 (que passa pelo litoral brasileiro), a BR-163 (fundamental para o escoamento de grãos do agronegócio) e a BR-230 (Transamazônica).
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