Data de publicação: 27 de Setembro de 2023, 17:10h
LOC.: Dez bilhões e meio de reais. Este é o valor que o governo espera arrecadar no ano que vem se for aprovado o projeto de lei que acaba com a dedutibilidade dos juros sobre capital próprio, os JCP.
A proposta define que, a partir de 2024, as empresas não poderão mais abater os juros sobre capital próprio pagos aos seus acionistas da base de cálculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Os juros sobre capital próprio são uma forma de as empresas remunerarem seus acionistas pelos aportes que estes fazem nas próprias companhias. É o que explica Cristiane Costa, ex-vice-presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, o Carf.
TEC./SONORA: Cristiane Costa, advogada
"É um dinheiro que o acionista deixa investido na companhia. Os juros sobre capital próprio são uma forma de a companhia manter o dinheiro com ela e, para ela manter aquele capital do acionista investido, ela remunera o acionista. Ela paga um valorzinho como se fosse correspondente àquele capital investido."
LOC.: A deputada federal Bia Kicis, do PL do Distrito Federal, discorda do projeto de lei. A congressista acredita que o fim dos JCP vai desestimular o investimento feito nas empresas a partir de recursos dos próprios acionistas e sócios. A alternativa será, por exemplo, recorrer a terceiros, como instituições financeiras, para o financiamento das atividades.
TEC./SONORA: deputada federal Bia Kicis (PL-DF)
"Eu acho que é bem negativo e só vai fazer com que as pessoas corram mais para os bancos. Favorece os bancos e é muito ruim para investimento e para os acionistas."
LOC.: Especialistas em tributação ouvidos pela reportagem acreditam que se a proposta for aprovada, as empresas vão acabar priorizando a distribuição de lucros aos acionistas por meio de dividendos, para minimizar o aumento de carga tributária.
Reportagem, Felipe Moura.