LOC.: O governo federal, o Congresso Nacional e representantes de 17 setores da economia chegaram a um acordo sobre a reoneração da folha de pagamento. A folha continuará desonerada para essas atividades neste ano. Contudo, a contribuição sobre a folha será reintroduzida de forma gradual. Em 2025, a alíquota será de 5%, em 2026 será de 10%, em 2027 será 15% e em 2028, 20%. As informações são do Senado Federal.
O especialista em direito tributário Thulio Carvalho explica que a desoneração da folha consiste no pagamento de uma contribuição de 1 a 4,5% sobre a receita bruta da empresa, conforme a atividade que ela exerça.
TEC./SONORA: Thulio Carvalho, especialista em direito tributário e advogado no Dias de Souza Advogados
“É o modelo substitutivo de tributação que surgiu pela primeira vez em 2011. Ele vem sendo sucessivamente prorrogado ao longo dos últimos governos. Atualmente são 17 setores econômicos beneficiados, dentre os quais a gente poderia citar o setor de calçados, construção civil, call center, indústria têxtil, tecnologia etc. Todos esses setores que têm como traço comum é o fato de eles serem intensivos em mão de obra.”
LOC.: Para o diretor de relações institucionais e governamentais na Brasscom, Sergio Sgobbi, a política de desoneração da folha de pagamento é efetiva e torna o setor mais competitivo — o que gera mais empregos formais.
TEC./SONORA: Diretor de relações institucionais e governamentais na Brasscom, Sergio Sgobbi
“A gente nota que os setores desonerados sempre tiveram um crescimento de empregos formais acima dos setores que foram reonerados. E a lógica é simples. Os setores desonerados se tornam mais competitivos, ganham mais mercado e contratam mais pessoas.”
LOC.: O especialista em direito tributário Asafe Gonçalves explica que a reoneração pode estar sendo feita de forma gradual para minimizar os impactos, pois se as empresas não estiverem preparadas, vão "sofrer" com a medida.
No geral, para ele, a reoneração pode trazer impactos tanto negativos quanto positivos.
TEC./SONORA: Asafe Gonçalves, especialista em direito tributário e sócio diretor do Asafe Gonçalves Advogados
“Vai ser positivo para o governo porque ele vai acabar arrecadando mais com essas receitas previdenciárias. O problema é que o impacto fiscal pode ser menor do que o esperado se as empresas reduzirem a contratação de mão de obra ou investimento. Isso é óbvio, se eu aumentar a carga em cima da empresa, a gente vai tentar diminuir o seu custo, muitas vezes vão cortar funcionário.”
LOC.: Ele destaca que os empresários devem ficar atentos para os custos financeiros para manter os funcionários. Para ele, algumas empresas não estão preparadas para a reoneração, especialmente após um período de pandemia onde as receitas foram fragilizadas.
Reportagem, Nathália Guimarães, narração, Marquezan Araújo