Foto: kjpargeter/Freepik
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Fiocruz tenta desenvolver medicamento oral contra o vírus da Covid

Estudos brasileiros já foram publicados e está em fase de avaliação do potencial e efeito da medicação. A pesquisa foi elaborada pela Fiocruz em parceria com o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP)

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A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) está tentando desenvolver um antiviral de uso oral contra a Covid-19, em parceria com o Centro de Inovação e Ensaios Pré-Clínicos (CIEnP). O estudo brasileiro foi publicado recentemente na revista científica Nature Communication e pesquisadores batizaram a substância de “MB-905. Trata-se de uma cinetina, um tipo de citocinina sintética. As citocininas são uma espécie de hormônio vegetal que atuam na divisão celular. 

A pesquisa ainda está em fase de estudo pré-clínicos, que são testes que avaliam o potencial efeito terapêutico, ou seja, atividade farmacológica e identificam efeitos tóxicos do medicamento, em animais, laboratório e ambientes controlados. Depois disso, inicia-se o processo de solicitação para os testes em seres humanos. 

A infectologista Lívia Vanessa Ribeiro explica que existem três fases de testes clínicos para o medicamento ser aprovado para a população. 

“Depois da fase de estudos pré-clínicos, iniciam-se os ensaios clínicos de fase 1, feita com população reduzida de voluntários saudáveis para verificar se a substância tem o mesmo comportamento que demonstrou em animais. Na fase 2, aumenta o número de participantes, incluindo pessoas que têm a doença, definindo dose, perfil de segurança e apresentação. Na fase 3 é feito ensaio clínico que compara o novo medicamento com os tratamentos-padrão já aprovados. Só então é possível encaminhar resultados para agências reguladoras, no caso do Brasil a Anvisa”, explica.

Além disso, a vice-presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal conta que ainda não é possível falar sobre o fim do coronavírus, mas já é um passo importante.

“Espera-se que, além de impedir/reduzir a replicação viral, iniba a atividade inflamatória exacerbada do paciente, reduzindo as apresentações graves e críticas da doença, principalmente os quadros de síndrome respiratória aguda grave. Não podemos falar em fim do SARS-CoV-2 ou da Covid-19, mas caso se mostre eficaz nos ensaios clínicospoderá ser uma importante ferramenta para evitarmos formas graves, incluindo hospitalizações e óbitos”, enfatiza. 

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LOC.: A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) publicou um estudo recente sobre o desenvolvimento de um antiviral de uso oral contra a Covid-19. 

A infectologista Lívia Vanessa Ribeiro explica o que é esse estudo. 

TÉC./SONORA: Lívia Vanessa Ribeiro, Infectologista

“É uma cinetina, um tipo de citocinina sintética. As citocininas são uma espécie de hormônio vegetal que atuam na divisão celular. O estudo brasileiro publicado na NAture, demonstrou que a Cinetina  inibe a replicação de SARS-CoV-2 in vitro e in vivo (animais), através da desorganização na síntese do material genético do vírus (RNA). Além disso, a cinetina conseguiu reduzir o processo inflamatório desencadeado pelo vírus, diminuindo os níveis de de IL-6 e TNFα, que são citocinas inflamatórias.”
 


LOC.: As pesquisas  ainda são iniciais e estão em fase de estudos pré-clínicos, mas a infectologista já adianta como esse medicamento, se aprovado, deve agir no organismo: 
 

TÉC/SONORA: 

“Espera-se que além de impedir/reduzir a replicação viral, iniba a atividade inflamatória exacerbada do paciente, reduzindo as apresentações graves e críticas da doença, principalmente os quadros de Síndrome respiratória aguda grave. Não podemos falar em "fim do SARS-CoV-2" ou da Covid-19, mas caso se mostre eficaz nos ensaios clínicos, poderá ser uma importante ferramenta para que evitarmos formas graves, incluindo hospitalizações e óbitos.”
 


LOC.: Ainda que não tenha previsão de quando estará disponível, a pesquisa é uma esperança para o tratamento da doença. 

Reportagem, Daniela Gomes