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Excesso de chuva influencia agricultura e geração de energia

O grande volume de chuvas favoreceu o cultivo de grãos e garantiu mais um mês sem cobranças extras na conta de luz

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Os impactos das chuvas causadas pelo fenômeno La Niña serão sentidos pelos produtores rurais até o final da colheita da safra 2022/23. Segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), a irregularidade de chuvas e oscilações de temperatura devem se manter até o verão de 2023. 

 De acordo com dados do Boletim de Monitoramento Agrícola (BMA), divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as regiões mais afetadas foram a Centro-Oeste sul, Norte e litoral do Nordeste. O bom volume de chuva elevou a umidade do solo aos níveis máximos nessas regiões, assegurando o bom desenvolvimento das lavouras e das pastagens. 

Além do fenômeno La Niña, o Brasil segue sob influência da Zona de Convergência do Atlântico Sul. Essa zona de convergência tem provocado uma faixa no Brasil que abrange o litoral de Santa Catarina, parte de São Paulo, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, maioria da Bahia, Tocantins e parte do Pará. “Essa faixa tem recebido um volume maior de precipitações nos locais onde estão sendo cultivados, estão em desenvolvimento as culturas de primeira safra, principalmente o milho, a soja e o feijão. Essas precipitações têm sido benéficas para o desenvolvimento das culturas", explica a superintendente de Informações da Agropecuária da Conab, Candice Romero Santos. 

As chuvas intensas pelo país também refletiram no aumento dos níveis dos reservatórios e nas condições de geração das usinas hidrelétricas. Segundo o Programa Mensal de Operação (PMO), divulgado pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), os reservatórios do Brasil finalizaram novembro com níveis satisfatórios. O destaque foi na região Sul, atingindo quase 82% de sua capacidade de armazenamento. A projeção é que, em dezembro, o Sudeste esteja com seus níveis acima de 52%. 

Neste mês de dezembro, as contas de luz dos brasileiros terão bandeira tarifária verde, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Isso significa que não haverá cobrança extra nas faturas, devido as boas condições de geração de energia no país. “No período úmido, quando chove muito, a gente espera que os reservatórios das hidrelétricas encham e que se tenha essa energia armazenada, para usar durante ano inteiro _ explica o professor de engenharia elétrica da UnB, Rafael Amaral Shayani.

De acordo com dados levantados pela ANEEL, as usinas hidrelétricas hoje representam hoje 60,835% da potência gerada no Brasil. São 1344 usinas, gerando um total de 105.245.955 kW distribuídos para as cidades brasileiras. 

“Como estamos em meses de chuva, a ANEEL vai esperar quanta chuva vai ter em dezembro, janeiro, fevereiro e março, para realmente ter uma estimativa se está chovendo muito ou chovendo pouco, então num período de chuva, a tendência é que a bandeira seja sempre verde. A questão é: no final do período de chuva, ela vai verificar se os reservatórios das hidrelétricas encherão o suficiente ou não para só assim mudar bandeira tarifária", analisa o professor.

A  atual bandeira tarifária passou a ser verde para todos os consumidores brasileiros em 16 de abril deste ano, quando terminou a vigência da bandeira de escassez hídrica, instituída de forma emergencial por conta do baixo nível dos reservatórios das usinas hidrelétricas e da necessidade de acionamento de termoelétricas.
 

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