LOC.: Entre 1980 e 2021, a participação da indústria no PIB do Brasil caiu de 34% para 22%. Para o ex-presidente da República Michel Temer, a indústria perdeu espaço nas últimas décadas devido ao crescimento do agronegócio ao mesmo tempo em que os governos sobrecarregaram a atividade industrial.
TEC./SONORA: Michel Temer, ex-presidente da República
"Ao longo do tempo deu-se um fenômeno no Brasil que foi o crescimento extraordinário do agronegócio. Quem sustenta o PIB hoje do Brasil é o agronegócio. A indústria brasileira passou por muitas dificuldades, desde a questão trabalhista até a tributária”.
LOC.: O ex-presidente participou do seminário Evolução Política, que faz parte da série que celebra os 200 anos da Independência do Brasil, promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
No mesmo evento, especialistas apontaram que o fenômeno da desindustrialização tem causas diversas, entre elas a forte intervenção estatal na economia, as instabilidades políticas, o crescimento do agronegócio e a sobrecarga tributária sobre os industriais brasileiros.
Para o cientista político José Álvaro Moisés, dois fatores ajudam a explicar as causas da desindustrialização brasileira: a instabilidade política e a ausência de uma política de incentivo à indústria. O caminho para reverter o quadro, segundo ele, é abrir a economia.
TEC./SONORA: Bolívar Lamounier, sociólogo
“É preciso tirar da cabeça essa loucura de crescer com investimento estatal de um Estado que tem um déficit orçamentário, que não tem dinheiro para fechar as contas. Isso é um disparate. Temos que atrair capital estrageiro, assegurando segurança jurídica e encaminhando investimentos para o setor privado. Ou fazemos isso ou não vamos crescer”.
LOC.: Para o líder do Governo na Câmara dos Deputados, o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), a pandemia evidenciou que não é viável para o Brasil depender tanto de insumos, máquinas e equipamentos produzidos no exterior.
TEC./SONORA: deputado federal Ricardo Barros (PP-PR)
“As empresas fabricam lá na China, na Índia, com suas marcas daqui, gerando empregos lá fora e nós aqui nos apropriando apenas de um custo mais baixo dos produtos. A pandemia nos ensina que esse modelo é frágil. Faltaram muitos componentes dos produtos em função da crise gerada pela pandemia e do isolamento social”
LOC.: O debate em torno da desindustrialização do Brasil foi parte do primeiro seminário da série “200 anos de Independência: A indústria e o futuro do Brasil”. Promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o evento terá mais quatro seminários até junho.
Reportagem, Felipe Moura.