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Especialistas destacam que a indústria é fundamental para impulsionar o crescimento econômico sustentado do país

Setor gera mais retorno para a economia do que os serviços e a agricultura, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), mas tem perdido espaço no PIB durante as últimas décadas

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Especialistas apontam que a indústria é o setor que tem o maior potencial de gerar riqueza e impulsionar o crescimento econômico sustentado do país. Para cada R$ 1 produzido pela indústria, são gerados R$ 2,43 adicionais na economia brasileira. A agricultura gera R$ 1,75 e o setor de serviços R$ 1,49 para cada real gasto, de acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI). 

Responsável por 22,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2021, a indústria perdeu participação na economia nas últimas décadas, o que é um sinal negativo para o desenvolvimento do país, explica Jorge Nogueira, professor de Economia da Universidade de Brasília (UnB). 

“Qualquer economista aprende que qualquer país, à medida que a sua renda cresce, passa por algo que a gente chama de mudança estrutural. Passa de ser uma sociedade agropecuária para uma sociedade industrial e, sem dúvida alguma, a indústria acelera o processo de aumento da renda, de desenvolvimento de um país. Então, se o setor industrial brasileiro está diminuindo a sua participação na geração do PIB, isso é algo que precisamos analisar com cuidado”, afirma. 

A indústria é responsável por um terço do pagamento dos tributos federais, o que ajuda a custear as despesas e investimentos do poder público; 71,8% das exportações brasileiras de bens e serviços e 68,6% do investimento empresarial em pesquisa e desenvolvimento. 

Para Marco Antonio Rocha, pesquisador do Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o desenvolvimento contínuo do Brasil passa, necessariamente, pelo fortalecimento da atividade industrial. 

“É muito difícil um país se desenvolver sem uma indústria forte ou, pelo menos, manter um ritmo de crescimento sustentável ao longo dos anos que não seja nesse tipo de crescimento que a gente vê na economia brasileira, que cresce dois anos, para dois anos, cresce dois anos, para dois anos. Tudo isso depende de uma boa base industrial e de uma estrutura produtiva manufatureira”, avalia. 

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Diferencial

Mas, afinal, quais são os aspectos que fazem da indústria um setor-chave para impulsionar o crescimento de um país? Marco Antonio Rocha cita algumas características da atividade manufatureira. A primeira, ele diz, é a capacidade de os diversos segmentos do setor demandarem matérias-primas, máquinas e equipamentos entre eles. 

“Isso faz com que o crescimento em um setor industrial puxe os outros setores industriais.  É óbvio que o setor de serviço e agricultura têm também o que a gente chama de encadeamentos, mas eles são muito mais intensos na indústria. Essa é uma característica típica da indústria e que gera a capacidade de uma economia, com uma boa base industrial, também possuir um ritmo de crescimento maior”, pontua. 

O pesquisador também lembra que a indústria desenvolve bens de alto valor agregado. “Um automóvel, por exemplo, passa pelo setor siderúrgico, metalúrgico, petroquímico, de vidro e de componentes elétricos. Tudo isso vai puxando o trabalho humano em relação à produção de mercadorias e acaba criando um bem final industrial. Quanto maior for sua sofisticação tecnológica, maior valor adicionado e isso também é uma característica muito particular da indústria”, destaca. 

Gargalos

Para o professor Jorge Madeira, o país precisa desatar amarras que impedem o avanço do setor industrial e a sua competitividade no cenário internacional. A mais urgente, segundo ele, é o sistema tributário, oneroso e de difícil compreensão. “Vamos começar arrumando o desequilíbrio e toda parafernalha e confusão que tem em relação ao sistema tributário, quer em termos de cobrança de impostos, quer em termos de isenção tributária”, recomenda. 

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