Foto: Divulgação/MIDR
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Desenvolvimento do Xingu: Governo Federal retoma projetos paralisados pela gestão anterior

Entre as iniciativas estão o Xingu Alfabetizado, que tem o objetivo de diminuir o analfabetismo de jovens e adultos na região, e o Fortalecimento na Produção de Fruticultura Irrigada, voltado principalmente a mulheres fruticultoras


Em 2010, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a região do Xingu, no Pará, teve acesso a uma oportunidade até então inédita para fomentar o desenvolvimento socioeconômico e garantir mais qualidade de vida para a população. O Governo Federal criou, na época, o Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu (PDRSX), que previa investimentos de R$ 500 milhões em 20 anos, beneficiando os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, São Félix do Xingu, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu.

 

De 2010 a 2018, mais de 350 projetos foram aprovados e cerca de R$ 300 milhões foram investidos. Mas, em 2019, uma decisão da gestão anterior do Governo Federal fez com que a execução do PDRSX fosse suspensa. O Comitê Gestor do Plano foi extinto e novos investimentos não puderam ser aprovados, o que ocasionou a paralisação de vários projetos.

 

Com a posse do presidente Lula, em janeiro, a região voltou novamente a ser prioridade para o Governo Federal. Em junho, o Comitê Gestor foi reinstalado, sob coordenação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR). Com isso, vários projetos serão retomados e outros, iniciados.

 

O PDRSX é financiado com recursos da Norte Energia, como parte do acordo de construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Ainda há R$ 200 milhões em caixa para impulsionar iniciativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável do Xingu e melhorias na qualidade de vida da população local, como a construção de estradas e pontes, fornecimento de água potável, instalação de rede de saneamento básico, apoio a escolas e fomento à atividade produtiva, entre outros.

 

“Nesta nova fase do Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu, nossa ideia é priorizar projetos estruturantes, capazes de potencializar os ganhos nas áreas social e ambiental e no processo de desenvolvimento regional da área de influência da Usina de Belo Monte”, destaca o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. “Queremos estabelecer um divisor de águas para o Plano, investindo em projetos que contribuam, de forma significativa, para melhorar os indicadores socioeconômicos e ambientais da região”, completa.

 

Até o fim do ano, o Comitê Gestor deve analisar 44 projetos paralisados para serem readequados e liberados para conclusão. Além disso, sete projetos já aprovados podem iniciar suas atividades até o fim do ano.

 

Xingu Alfabetizado

 

Um dos projetos que está sendo retomado é o Xingu Alfabetizado, que tem o objetivo de diminuir o déficit de analfabetismo de jovens e adultos na região, principalmente nos municípios da área de abrangência da usina hidrelétrica de Belo Monte. Proposto em 2015 pela Associação Casa de Educação Popular (ACEP), o projeto contava com 850 alunos em cinco municípios, mas teve as atividades paralisadas em 2016, com a mudança do Governo Federal na época.

 

“A ACEP é uma escola em movimento. Nós atuamos em três frentes. Nosso grande carro-chefe é a alfabetização de jovens e adultos, porque nós temos o sonho de erradicar o analfabetismo, uma vez que, aqui na nossa região, 8,5% das pessoas ainda são analfabetas ou iletradas, o que corresponde a pouco mais de 78 mil pessoas”, explica o diretor da Associação, Flávio de Paula.

 

Dos R$ 573,2 mil previstos para o projeto, pouco mais de R$ 191,1 mil foram investidos antes da paralisação do PDRSX. Os recursos foram usados na organização de equipe, contratação de educadores e compra de equipamentos, como caixa de som, notebooks e datashows.

 

A expectativa é que, com a retomada do projeto, sejam beneficiadas mais 180 pessoas nos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu, Altamira e Brasil Novo. “Com o restante do recurso, teremos de recomeçar os trabalhos, todo o processo de contratação e formação dos educadores. Os recursos serão aplicados durante nove meses em materiais didáticos, literários, filosóficos, nos círculos de cultura, no pagamento dos educadores e coordenadores e na divulgação do projeto por meio de camisetas e redes sociais”, informou o diretor.

 

Fruticultura irrigada

 

Outra iniciativa a ser retomada é o projeto Fortalecimento na Produção de Fruticultura Irrigada, que busca capacitar produtores de frutas para implementar a irrigação agrícola em suas propriedades. Esse projeto foi iniciado em 2017 pelo movimento Mulheres de Uruará Campo e Cidade (MMUCC) e já utilizou 70% dos R$ 148,2 mil alocados. Com a reativação do Comitê Gestor, poderão ser usados os R$ 44,2 mil restantes.

 

Os recursos utilizados financiaram uma fábrica de polpa de frutas para mulheres fruticultoras, mudas e sistemas de irrigação nas áreas cultivadas, além de uma malharia de tecidos. “O apoio do PDRSX foi importante para nosso movimento de mulheres. Hoje, fornecemos polpa de frutas para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e percebemos, no olhar das mulheres, o quanto foi significativo. Na nossa comunidade, conseguimos reduzir o uso de refrigerante para o consumo de suco de frutas. O Projeto trouxe esse olhar”, avalia a coordenadora do MMUCC, Maria Alves Piloneto.

 

Sobre o Plano

 

O Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu é um dos principais exemplos de planejamento para o desenvolvimento regional no contexto de grandes empreendimentos de infraestrutura no Brasil. Trata-se de um modelo de governança que busca promover o desenvolvimento regional sustentável, por meio de investimentos em projetos e ações que aproveitam as potencialidades locais.

 

O PDRSX conta com oito eixos temáticos: ordenamento territorial, regularização fundiária e gestão ambiental; infraestrutura para o desenvolvimento; fomento às atividades produtivas sustentáveis; inclusão social e cidadania; monitoramento das condicionantes socioambientais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte; povos indígenas e comunidades tradicionais; saúde; e educação.

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LOC: Em 2010, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nasceu o Plano Sub-regional de Desenvolvimento Sustentável do Xingu, conhecido como PDRSX. Nesse projeto, estava previsto um investimento de meio bilhão de reais ao longo de duas décadas, destinado aos municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz, São Félix do Xingu, Senador José Porfírio, Uruará e Vitória do Xingu.

Nos anos de 2010 a 2018, mais de 350 projetos receberam aprovação e cerca de 300 milhões de reais foram aplicados. Porém, em 2019, uma decisão da gestão anterior do Governo Federal, fez com que a execução do PDRSX fosse suspensa.

O Comitê Gestor do Plano foi extinto e novos investimentos não puderam ser aprovados, o que ocasionou a paralisação de vários projetos. Com a posse do presidente Lula, em janeiro, a região voltou novamente a ser prioridade para o Governo Federal.

Em junho, o Comitê Gestor foi reinstalado, sob coordenação do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, o MIDR, com o desafio de analisar 44 projetos que estavam parados, para que possam ser reestruturados e retomados. Além disso, sete projetos já aprovados têm a expectativa de iniciar suas atividades até o fim deste ano.

É o caso do Xingu Alfabetizado, proposto em 2015 pela Associação Casa de Educação Popular, a ACEP. O projeto contava com 850 alunos em cinco municípios, mas teve as atividades paralisadas em 2016, com a mudança do Governo Federal na época. Flávio de Paula, diretor da ACEP, explica o projeto que será retomado.

SONORA FLÁVIO DE PAULA

“A ACEP é uma escola em movimento. Nós atuamos em três frentes. Nosso grande carro-chefe é a alfabetização de jovens e adultos, porque nós temos o sonho de erradicar o analfabetismo, uma vez que, aqui na nossa região, 8,5% das pessoas ainda são analfabetas ou iletradas, o que corresponde a pouco mais de 78 mil pessoas”

LOC: Com a retomada do projeto, a expectativa é beneficiar mais 180 pessoas nos municípios de Senador José Porfírio, Vitória do Xingu, Altamira e Brasil Novo.

É importante destacar que o PDRSX é financiado com recursos da Norte Energia, como parte do acordo de construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte. Ainda restam 200 milhões de reais disponíveis para impulsionar iniciativas que promovam o desenvolvimento sustentável do Xingu e melhorem a qualidade de vida da população local.

Para saber mais sobre políticas de desenvolvimento regional e territorial acesse http://mdr.gov.br .

Reportagem, Marcus Pereira