LOC: O Brasil tem a terceira maior taxa bancária mundial, ficando atrás apenas do Zimbábue e de Madagascar. A informação é de uma pesquisa do Banco Mundial. Segundo o levantamento, a alta taxa das instituições bancárias impacta diretamente no custo do crédito, do financiamento para o capital de giro e dos investimentos das empresas. Dados do Banco Central mostram que, em maio de 2024, a taxa de juros média para as empresas era de 18,2% ao ano.
Newton Marques, economista membro do Corecon-DF, afirma que, com relação à taxa de juros no Brasil, o problema nunca foi resolvido por causa da diferença elevada entre a taxa de captação e a taxa de aplicação dos recursos financeiros.
TEC./SONORA: Newton Marques, economista do Corecon-DF
"Essa conta é colocada no colo do Banco Central, que não consegue melhorar essa relação. Aí o Banco Central diz que o problema é fiscal. Então fica esse jogo de empurra, mas isso acaba trazendo também sérios problemas para o chamado Custo Brasil. A gente, quando vai comparar com outros países, vê que o nosso spread bancário está realmente fora dos radares de economias que conseguem se normalizar."
LOC: O Custo Brasil reflete um conjunto de dificuldades estruturais, burocráticas e econômicas que encarecem e atrapalham novos investimentos, além de prejudicar o ambiente de negócios. O setor produtivo brasileiro desembolsa cerca de um trilhão e setecentos bilhões de reais a mais do que a média dos países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a OCDE. O valor é maior do que o PIB de vários outros países da América do Sul, como o Paraguai, a Bolívia, o Uruguai, a Venezuela e o Peru.
Os bens e serviços nacionais também vêm perdendo competitividade, com o desperdício chegando a 20% do Produto Interno Bruto, o PIB nacional. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria, a CNI.
Segundo Leo de Castro, vice-presidente da CNI, a complexidade tributária é um dos fatores mais relevantes dentro da mandala do custo Brasil.
TEC./SONORA: Leo de Castro, vice-presidente da CNI
“Mas não é só isso. O custo para escoar produto no Brasil é muito caro; a burocracia é muito cara; o custo para apurar impostos é muito caro; a qualidade do capital humano é baixa; a educação brasileira tem um déficit grande; o acesso ao crédito e o custo do crédito também são pontos que tiram nossa competitividade. Então, todo esse conjunto faz com que o brasileiro tenha que pagar mais caro por produtos que pagaria se não houvesse esse desperdício. Eu quero enfatizar essa agenda. Custo Brasil é uma agenda de desperdício e que faz com que todos nós brasileiros e brasileiras tenhamos que desembolsar um valor a maior para poder consumir os produtos aqui produzidos.”
LOC: Levantamento realizado pelo Índice de Cidades Empreendedores da Endeavor determinou as cidades brasileiras com os menores e maiores custos para os empreendedores, com destaque para Brasília (DF), Florianópolis (SC), Caxias do Sul (RS) e Joinville (SC), com os menores custos, e Aracaju (SE), João Pessoa (PB), Maceió (AL) e Campo Grande (MS), com os maiores.
Reportagem, Carol Castro