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A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da microrregião de Salgueiro, no Pernambuco. A região é formada por cinco municípios, que juntos concentram mais de 7.111 pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Na região, 3.529 quilombolas receberam a primeira dose do imunizante, conforme dados do Ministério da Saúde.
Pernambuco é o quinto estado com o maior número de localidades quilombolas, sendo o município de Salgueiro o que possui a maior concentração de membros, aproximadamente 5.827. Outras cidades que compõem a microrregião são: Mirandiba (1.055), São José do Belmonte (213), Verdejante (10) e Parnamirim (6), de acordo com o IBGE.
A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”
Segundo a Secretária Municipal de Salgueiro, mais de 90% dos quilombolas, cerca de 2.358, já receberam a primeira dose do imunizante. Entretanto, há uma discrepância nos dados oficiais do Ministério da Saúde, que apontam que na região 2.182 habitantes quilombolas receberam o primeiro imunizante.
Número de quilombolas vacinados com a primeira e a segunda dose na microrregião de Salgueiro, de acordo com o Painel Nacional de Vacinação contra a Covid-19, do Ministério da Saúde:
Salgueiro – primeira dose: 2.182 / segunda dose: 1.524
Mirandiba – primeira dose: 1.221 / segunda dose: 0
São José do Belmonte – primeira dose: 126 / segunda dose: 0
Parnamirim e Verdejante – até o fechamento dessa matéria, os municípios não disponibilizaram os dados no Painel.
A transmissão do vírus da Covid-19 tende a ser mais intensa em povos e comunidades quilombolas, devido à maneira como estão condicionados na sociedade. Dessa forma, o Ministério da Saúde alerta que o controle de casos e vigilância nestas comunidades impõem desafios logísticos, de forma que a própria vacinação tem um efeito protetor altamente efetivo.
Nesse mesmo sentido, o líder comunitário, Antônio João Mendes, mais conhecido como Antônio Crioulo, do Território quilombola de Conceição das Crioulas, em Salgueiro-PE, explica que a importância da vacina nessa população deve-se pelo fato dos vínculos em grupo. “As relações nas comunidades quilombolas são comunitárias, nossas ações são sempre coletivas, então, a partir do momento que você tem uma pessoa infectada em uma comunidade, você corre o risco de expandir com mais facilidade. O vírus pode se tornar comunitário com muito mais facilidade nas nossas comunidades”.
O agricultor João Alfredo de Souza, de 62 anos, do quilombo da Conceição das Crioulas, foi imunizado e relembra a sensação que sentiu ao ser contemplado com a vacina. “Me sinto feliz com está vacina, ainda mais porque imunizou a todos os quilombolas maiores de 18 anos. Para os quilombolas, é muito importante, considerando que nós estamos muito expostos às vulnerabilidades sociais. Está vacina é sinal de esperança para o povo. Viva a Vida!”.
Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Apesar da vacinação, é preciso continuar seguindo os protocolos de segurança, como: usar máscara, lavar as mãos, evitar aglomerações, abraços ou apertos de mão e utilizar álcool em gel após tocar qualquer objeto ou superfície.
Imunizado, Antônio Crioulo faz um apelo aos demais membros de sua e de outras comunidades sobre a relevância de receber o imunizante. “É muito importante que a população brasileira e a população quilombola se cuide, porque estamos passando por várias transformações. E mesmo pessoas que já foram infectados pelo coronavírus, estão se reinfectando e, inclusive, estão morrendo com a segunda cepa do vírus. Então, é muito importante que a gente se cuide”.
Foto: Antônio Crioulo, do Território quilombola de Conceição das Crioulas, em Salgueiro-PE, recebe a primeira dose do imunizante contra a Covid-19. (Foto:Arquivo Pessoal/Antônio Crioulo)
De acordo com o vacinômetro, Pernambuco já aplicou 3.970.075 doses na população geral do estado. Do total de doses aplicadas, 48.669 foram em quilombolas, sendo 43.367 da primeira dose e 5.302 da segunda. A vacina é segura e uma das principais formas de combater a pandemia no novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.
Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saúde ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.
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