Foto: Cris Carga/Prefeitura de Taquera
Foto: Cris Carga/Prefeitura de Taquera

Covid-19: vacina chega para comunidades quilombolas da região de Serrana do Sertão Alagoano (AL)

Prioridade no calendário nacional de vacinação, mais de mil quilombolas da microrregião estão vacinados com a primeira dose

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A vacinação contra a Covid-19 chegou para os povos tradicionais quilombolas da região de Serrana do Sertão Alagoano (AL). A região é formada pelos municípios de Água Branca, Canapi, Inhapi, Pariconha e Mata Grande, que juntos concentram mais de 6,7 mil pessoas autodeclaradas descendentes e remanescentes de escravizados, segundo o Instituto de Geografia e Estatísticas (IBGE). Desse número, mais de mil foram vacinadas com a primeira dose da vacina contra a covid-19, segundo o Ministério da Saúde, o que representa 17% do público-alvo (acima de 18 anos). 

Brasil tem 18,2 milhões de casos acumulados de Covid-19

No município de Água Branca, 307 km da capital alagoana, Maceió, 591 membros dos territórios remanescentes de quilombos foram vacinados com a primeira dose, segundo o Ministério da Saúde, o que representa 24% do número de quilombolas pelo IBGE (2.440). Desde o início da pandemia, até o dia 23 de junho, foram registrados 414 casos de infecção pelo vírus no município, com 18 óbitos.

Cidades da região de Jacobina com registro de Quilombolas População Quilombola (IBGE) Vacinados 1a Dose (Painel MS) Vacinados 2a Dose (Painel MS)
Água Branca 2.444 591 0
Canapi 1.581 196 2
Inhapi 1.291 68 0
Pariconha 884 192 1
Mata Grande 592 150 0
Total 6.788 150 3


Mapeamento das Comunidades Quilombolas de Alagoas  / CONAQ

A coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato, explica a importância da vacina nos grupos prioritários. “As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.”

Em Canapi, o IBGE estima que tem uma população quilombola de 1.581 pessoas, mas até o fechamento desta reportagem, apenas 196 pessoas desse grupo prioritário tomaram a primeira dose da vacina, o que representa aproximadamente 12,3% do público-alvo. 

Quitéria Vieira dos Santos já recebeu a primeira dose da vacina. A líder quilombola vive na comunidade Tupete, localizada na zona rural de Canapi. Aos 55 anos, a agricultora afirma que precisou lutar para que a vacinação chegasse às comunidades:

“Foi maravilhosa. Estava com um pouco de dificuldade pra chegar as vacinas, mas eu fui à luta e, graças a Deus, eu consegui. Na comunidade, só não tomou quem não tem idade ainda. A gente dormia sonhando e acordava sonhando pra chegar essa vacina pra nós”, relata Quitéria.

Também conhecida como Quiterinha, em Canapi, a líder quilombola reforça a importância de todos os quilombolas buscarem a vacina. “Pessoal dos quilombos aqui de Alagoas: vocês que não se vacinaram ainda, procurem correr atrás e lutar pelos objetivos de vocês, porque é um direito nosso.”

Prioridade Quilombolas

No Plano Nacional de Vacinação contra a Covid-19, divulgado em 16 de dezembro de 2020, grupos socialmente vulneráveis foram incluídos como prioridade no calendário de imunização. Entre eles, a população quilombola que vive em comunidades tradicionais e que, segundo o último levantamento realizado pelo IBGE, em 2019, representa mais de 1,3 milhão de brasileiros. Essa prioridade se faz necessária diante da falta de acesso desse público à saúde, já que grande parte vive em zonas rurais, afastadas do ambiente urbano. A Bahia é o maior estado brasileiro em população quilombola, com mais de 268 mil habitantes, de acordo com levantamento do IBGE de 2019.

Para facilitar o enfrentamento da Covid-19 entre quilombolas e indígenas, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) antecipou a divulgação da base de informações geográficas e estatísticas sobre essa população em maio de 2020. O levantamento foi realizado em 2019.

IBGE antecipa base de dados sobre indígenas e quilombolas para facilitar enfrentamento a Covid-19

Proteja-se

Se você sentir febre, cansaço, dor de cabeça ou perda de olfato e paladar procure atendimento médico. A recomendação do Ministério da Saúde é que a procura por ajuda médica deve ser feita imediatamente ao apresentar os sintomas, mesmo que de forma leve. Após a vacinação, continue seguindo os protocolos de segurança: use máscara de pano, lave as mãos com frequência com água e sabão ou álcool 70%; mantenha os ambientes limpos e ventiladores e evite aglomerações.

Vacinação em Alagoas

De acordo com o Ministério da Saúde, o estado de Alagoas recebeu mais de 1,6 milhão de doses da vacina contra a Covid-19. Desse número, cerca de 12,1 mil foram aplicadas na população quilombola. A vacina é segura e a principal forma de proteger do novo coronavírus. Fique atento ao calendário de imunização do seu município. Para saber mais sobre a campanha de vacinação em todo o país, acesse gov.br/saude.

Serviço

Quilombolas que vivem em comunidades quilombolas, que ainda não tomaram a vacina, devem procurar a unidade básica de saúde do seu município. Para mais informações, basta acessar os canais online disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Acesse o portal gov.br/saude ou baixe o aplicativo Coronavírus – SUS. Pelo site ou app, é possível falar com um profissional de saúde e tirar todas as dúvidas sobre a pandemia.

Veja como está a vacinação Quilombola no seu município

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