Data de publicação: 04 de Fevereiro de 2021, 23:00h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:32h
Interessados em doar sangue devem realizar o procedimento antes de serem vacinados contra a Covid-19, recomenda o Ministério da Saúde. Segundo a pasta, isso se dá por conta do período de inaptidão após a vacinação, pois o micro-organismo da imunização, mesmo que de forma atenuada, ainda circula por um certo período no sangue do doador.
No caso da CoronaVac, vacina produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, esse período de inaptidão temporária dura 48 horas após o recebimento de cada dose. A janela de tempo se dá pelo fato do imunizante ser produzido com vírus inativados.
Em relação à vacina de Oxford, esse prazo dura 7 dias após o recebimento de cada dose, pois, segundo o Ministério da Saúde, o produto utiliza outros vetores virais e tecnologias com uso de RNA, que são novidades tecnológicas e, portanto, ainda não possuem previsão na portaria que regulamenta a doação de sangue.
Estoques
Em 2020, por conta da pandemia, hemocentros de todo o País se depararam com a queda nos estoques de sangue. Essas instituições têm adotado protocolos para garantir a segurança dos doadores. O hematologista Alfredo Mendrone Junior, diretor da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), diz que a eventual falta de sangue em hemocentros pode trazer problemas na saúde das pessoas que precisam de transfusão cotidianamente.
“Pacientes crônicos que precisam de transfusão de sangue continuam precisando dessas transfusões, tais como: pacientes com doenças oncológicas, pacientes talassêmicos, anemia falciforme e transplantados. Além disso, aquelas pessoas com complicações da Covid-19 que estão na UTI também pode precisar de sangue, muitas vezes”, explica.
O bombeiro militar Mateus Campos, morador do Riacho Fundo I, região administrativa do Distrito Federal, sempre teve o hábito de doar sangue junto com a esposa. A pandemia não o impediu de continuar com o gesto e, apenas no passado, realizou o procedimento três vezes.
“Durante uma crise de saúde dessa proporção, que temos enfrentado por conta da pandemia, continuar doando é ainda mais necessário. Eu acredito que existem várias formas de salvar vidas e uma delas é através da doação de sangue”, destacou Matheus.
De acordo com o Ministério da Saúde, houve uma redução entre 15% e 20% no número de doadores de sangue em 2020. Apesar disso, segundo a pasta, não houve registro de desabastecimento no Brasil, porém alguns hemocentros reforçam o pedido de alguns tipos sanguíneos.
Anne Ferreira, chefe da Seção do Ciclo do Doador do Hemocentro de Brasília, afirma que a instituição tem adotado protocolos de segurança para garantir mais tranquilidade aos doadores. “Desde o início da pandemia, o Hemocentro de Brasília passou a funcionar exclusivamente por agendamento. Os candidatos a doações devem ir ao site Agenda DF ou ligar para o telefone 160, opção 2. Aumentamos a frequência de limpeza dos espaços, afastamento das cadeiras, assim como o controle do fluxo de doadores.”
O Ministério da Saúde afirma que a taxa de doação de sangue voluntária no Brasil é de 1,6%, patamar dentro do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A pasta alega ainda que lançou uma campanha sobre a importância da doação de sangue em junho do ano passado.