Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Construção civil avança com Casa Verde e Amarela e alcança além de centros urbanos

Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) encerrou o primeiro semestre de 2021 entregando 191,7 mil moradias do programa Casa Verde e Amarela, que recebeu R$ 607,5 milhões no período

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O primeiro semestre de 2021 se encerrou com números que evidenciam o crescimento da construção civil pelo País. Um dos indicadores do setor, o programa do governo federal Casa Verde e Amarela, antigo Minha Casa Minha Vida, fechou os seis primeiros meses do ano entregando 191,7 mil moradias, por exemplo, após um aporte de R$ 607,5 milhões no período. Somente nos estados de Minas Gerais, Goiás e Paraná foram 50.133 casas entregues, ou seja, uma média de 278 residências por dia entre janeiro e junho nesses três locais.
 
A análise completa dos números de diferentes recortes da construção civil por regiões permite diversas conclusões. Uma delas é a forma como o avanço do segmento reflete diretamente no mercado de trabalho nacional. Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que o Brasil registrou um saldo positivo nos primeiros seis meses de 2021, com 9,5 milhões de contratações e 8 milhões de demissões.


 
“Eu acredito que a construção civil é um dos principais pilares da economia do Brasil”, avalia Carlos Neto, corretor de imóveis em Recife. “Quando se tem um aumento das vendas, isso reflete em geração de empregos, novas oportunidades e, também, em várias famílias brasileiras conseguindo realizar o sonho da casa própria.”  

Norte e Nordeste

O município de Pernambuco faz parte da região que mais se destacou nas contratações de financiamentos para a aquisição de imóveis por meio do Programa Casa Verde e Amarela no último semestre. Enquanto houve um crescimento de financiamentos em 12% em nível nacional, o aumento do Nordeste em comparação com o mesmo período de 2020 chegou a 24%.
 
“Desde que eu entrei na corretagem, eu só trabalho com o programa Minha Casa Minha Vida, que hoje é o novo programa habitacional Casa Verde e Amarela. Um dos principais benefícios desse novo programa é a possibilidade de ajudar aquele cliente a comprar o seu imóvel com alguns benefícios, como a redução da taxa de juros, uma entrada flexível e a ajuda do Governo Federal com o subsídio”, explica Carlos.
 
O programa do governo federal implementou uma redução de juros para as regiões Norte e Nordeste em outubro de 2020, que podem explicar o impulsionamento do Casa Verde e Amarela nesses locais. Houve redução em até 0,5 ponto percentual para famílias com renda até R$ 2 mil mensais, com juros chegando a 4,25% ao ano para cotistas do FGTS e, nas demais, a 4,5%. 
 
Camila Barbosa, enfermeira e moradora de Pernambuco, conseguiu realizar o sonho da casa própria por meio do programa em abril deste ano. “Saí me cadastrando em várias construtoras, mas eu não achei que iria conseguir. No entanto, meu corretor buscou atender às minhas expectativas e conseguiu achar um imóvel que que se encaixasse no que eu esperava. Eu ainda nem acredito que consegui, por ser tão jovem. Estou muito feliz, muito realizada”, relata.

Expansão

Construtoras aproveitam esse bom momento para novos investimentos e colhem bons resultados. A construtora e incorporadora RNI, do grupo Empresas Rodobens, por exemplo, obteve o melhor resultado semestral dos últimos cinco anos, com R$ 401 milhões em lançamentos no período. Há ainda cinco novos empreendimentos, com um potencial de gerar mais 2.500 novos postos de trabalho até o final das obras.
 
Outra característica do setor da construção civil que pode ser destacado neste cenário de impulsionamento é o avanço para fora dos grandes centros urbanos. A RNI, por exemplo, assume uma estratégia de expansão, com foco nas regiões do agronegócio, como detalha Carlos Bianconi, CEO da RNI, do grupo Empresas Rodobens. 
 
“A manutenção dos volumes de agronegócio que nós temos no Brasil demanda, na veia, a construção de unidades habitacionais. A construção civil tem sido demandada muito fortemente para fornecimento de unidades, porque as cidades do agro têm crescido, tem ocorrido uma migração de mão de obra para essas regiões. Além da mecanização, essa mão de obra exige um nível elevado de um prestador de serviço. Então, a tecnologia está presente muito fortemente no agro. É uma produção que vem em cadeia crescente há muitos anos e tende a continuar crescendo para fornecer insumos e grãos para o mundo todo”, explica Bianconi.
 
A construtora lançou dois novos empreendimentos no último trimestre, o Bosque dos Ipês, em Campo Grande (MS), e o RNI Reserva Igara, em Canoas (RS). Ainda recentemente, também foram entregues dois empreendimentos: o Recanto das Emas, em Goiânia (GO), e Origem VG, em Várzea Grande (MT), somando 1.581 unidades.

Agro e mineração

Dionyzio Klavdianos, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil do Distrito Federal (Sinduscon-DF), ressalta que não há como haver desenvolvimento sem que haja uma construção civil forte no local. Para o especialista, esse é o primeiro setor que se incorpora ao dia a dia da cidade, juntamente com comércio e serviço, com construção de casas, galpões para armazenamento, pequenas estradas vicinais e centro de saúde, por exemplo.
 
“Novas fronteiras abertas, notadamente no agronegócio, na mineração, necessitam da construção civil para se consolidar. A cidade progride e a construção civil se solidifica. Importante dizer que a construção civil tem um componente social muito forte. Então, nessas novas fronteiras, aquela população que chega notadamente necessitada, sem nenhum recurso, vai procurar na construção civil o abrigo. É a primeira oportunidade importante de se estabelecer enquanto emprego”, pontua.
 
Ele cita ainda que outra região de destaque no segmento tem relação direta com a agricultura. “Uma das regiões que mais evolui hoje no País é o Centro-Oeste, que é um dos principais berços do agronegócio, onde a mineração também tem forte papel. Nesses locais, a construção civil tem obtido excelentes indicadores de crescimento”. 
 

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