LOC.: O fim da desoneração da folha de pagamento deve gerar quatrocentas mil demissões no setor de call center nos próximos dois anos. A projeção é de Vivien Suruagy, presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática.
TEC./SONORA: Vivien Suruagy, presidente da Feninfra
"Elas [empresas] estão fazendo a lista de corte de funcionários. Isso é bem sério. Em breve estaremos comunicando as entidades laborais. Não tem empresa séria que consiga trabalhar na insegurança, porque a conta é clara. Se eu recebo um valor para gasto com remuneração e esse gasto com remuneração é composto de imposto mais salário, quando você aumenta a rubrica imposto, você tem que diminuir o gasto com o salário."
LOC.: A entidade que representa as empresas de call center estima que, dos 400 mil funcionários desligados, cerca de 240 mil sejam mulheres ou jovens que estão no primeiro emprego.
Cenário que faz o deputado federal Vitor Lippi, do PSDB de São Paulo, discordar da decisão do governo de reonerar a folha de pagamento.
TEC./SONORA: deputado federal Vitor Lippi (PSDB-SP)
"Isso é muito ruim. Aumenta o custo da produção e acaba tendo impacto financeiro e econômico. Os encargos da folha de pagamento aqui são muito superiores ao resto do mundo. Isso já é um fator de falta de isonomia, faz com que o Brasil não consiga ter competitividade internacional."
LOC.: Adotada em 2012, a desoneração da folha é um mecanismo que permite às empresas de 17 setores pagar ao governo até 4,5% de seu faturamento em vez da contribuição de 20% sobre a folha de salários para o INSS. O benefício acabaria no fim do ano passado, mas o Congresso Nacional o prorrogou até o fim de 2027.
O governo federal, contudo, editou uma medida provisória que acaba com o mecanismo para call center e outros sete setores. Segundo o texto, a partir de abril, as empresas desses segmentos serão obrigadas a contribuírem com 20% sobre a folha.
Reportagem, Felipe Moura.