Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

Saiba o que é a desoneração da folha de pagamentos

Mecanismo criado para incentivar geração de empregos está em vigor desde 2011, mas volta ao noticiário sempre que o prazo de concessão está perto de acabar

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Em vigor desde janeiro de 2012, a desoneração da folha de pagamentos volta ao noticiário sempre que o prazo de concessão do benefício está perto de acabar. E, embora tenha impacto importante sobre a vida das empresas e o caixa do governo, o mecanismo não é tão conhecido por boa parte das pessoas. Mas, afinal, o que é a desoneração da folha de pagamentos? O Brasil 61 explica. 

A legislação brasileira diz que as empresas devem pagar uma alíquota de 20% para o INSS sobre a folha de salários. É a chamada contribuição previdenciária patronal. Isso significa que, se a folha de pagamentos de uma empresa custar R$ 100 mil, ela tem que pagar R$ 20 mil ao governo. 

Como forma de reduzir os custos trabalhistas e incentivar o emprego, o Congresso Nacional aprovou, no fim de 2011, uma lei que criou a desoneração da folha. O mecanismo permite que as empresas de setores escolhidos pela lei possam optar entre a contribuição patronal de 20% ou o pagamento de uma alíquota de 1% a 4,5% sobre o faturamento — receita bruta  — do negócio. Em geral, costuma ser vantajoso para as empresas optarem pela segunda alternativa. 

O mecanismo, no entanto, foi criado com data para acabar, mas dada a sua importância para os setores contemplados, o Congresso Nacional aprovou a prorrogação da medida em mais de uma oportunidade. A mais recente delas ocorreu este ano. Para o economista José Luiz Pagnussat, uma segunda etapa da reforma tributária tem que discutir uma solução definitiva para o problema. 

"Essa é uma questão importante, porque a folha de pagamentos pesa muito nas contas dos diversos setores. Numa reforma tributária mais ampla, com certeza, é necessário fazer uma redução forte do custo da folha de pagamento. Alguns países optaram por outros formatos de arrecadação tributária, de forma que não desincentive as empresas a contratarem os trabalhadores. Quando pesam muito os tributos na folha, você acaba desincentivando a utilização de mão de obra", destaca. 

Prorrogação da desoneração da folha de pagamento aguarda sanção presidencial

Novo capítulo

Aprovada no fim de 2011 durante o governo Dilma, a desoneração entrou em vigor em 2012. No início, incluía poucos setores. Mas o número saltou para 56 nos três anos seguintes. Em 2018, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, 39 setores perderam o direito ao benefício, restando os 17 que hoje são contemplados. A princípio, a desoneração acabaria em 2020, mas foi prorrogada até o fim de 2021 por conta da pandemia da Covid-19. Quando estava para acabar, a desoneração foi estendida, mais uma vez, até o fim deste ano. 

O capítulo mais recente da história está em andamento. O Congresso aprovou a renovação da medida por mais quatro anos, até o fim de 2027. O presidente Lula tem até 23 de novembro para sancionar o projeto. Defensores da proposta pedem celeridade do governo, alegando que as empresas precisam saber sob qual regime estarão sujeitas em 2024. 

É o que explica o deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS). "O governo, com a sua morosidade, está prejudicando o planejamento e os investimentos, a geração de emprego das empresas para o ano que vem. Então, estamos aguardando urgentemente a sanção desta lei para que possamos ter a possibilidade da organização para o próximo ano dos investimentos das empresas —  o que beneficia todo cidadão, gerando mais empregos", argumenta. 

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LOC.: Você sabe o que é a desoneração da folha de pagamentos? Em vigor desde 2012, o assunto está de volta ao noticiário com a aprovação pelo Congresso Nacional de um projeto que prorroga o mecanismo. 

Segundo a lei, as empresas devem pagar um imposto previdenciário de 20% sobre o que pagam de salários. Mas, em 2011, o país aprovou uma medida que permite a empresas de setores importantes na geração de empregos optarem por não contribuir com os 20% para o INSS. Em vez disso, elas podem pagar um tributo de 1% a 4,5% sobre o que faturam. 

O economista José Luiz Pagnussat afirma que é importante que o país pense em uma solução definitiva para a desoneração que, hoje, é temporária. 

TEC./SONORA: José Luiz Pagnussat, economista
"Essa é uma questão importante, porque a folha de pagamentos pesa muito nas contas dos diversos setores. Numa reforma tributária mais ampla, com certeza é necessário fazer uma redução forte do custo da folha de pagamento. Alguns países optaram por outros formatos de arrecadação tributária, de forma que não desincentive as empresas a contratarem os trabalhadores. Quando pesa muito os tributos na folha, você acaba desincentivando a utilização de mão de obra."


LOC.: Desde que foi aprovada em 2011, a desoneração já foi prorrogada algumas vezes. A mais recente extensão ocorreu este ano e depende apenas de sanção presidencial. 

O deputado federal Lucas Redecker, do PSDB do Rio Grande do Sul, pede que o governo seja rápido na análise, de modo que as empresas tenham tempo para se planejarem para o ano que vem. 

TEC./SONORA: deputado federal Lucas Redecker (PSDB-RS)
"O governo, com a sua amorosidade, está prejudicando o planejamento e os investimentos, a geração de emprego das próximas empresas para o ano que vem. Então, estamos aguardando urgentemente a sanção desta lei para que possamos ter a possibilidade da organização para o próximo ano dos investimentos das empresas, o que beneficia todo cidadão, gerando mais empregos. "


LOC.: Lula tem até 23 de novembro para  concordar ou não com a prorrogação. Caso discorde, o Congresso Nacional pode derrubar o veto, desde que obtenha maioria de votos. 

Reportagem, Felipe Moura.