LOC.: O Brasil segue com números elevados de casos de lesões corporais — agressões que levam à morte das vítmas. Em números absolutos, 610 pessoas sofreram esse tipo de crime só em 2022, um aumento de 17,4% em comparação com o ano anterior. A Bahia aparece entre os três estados de maiores registros com 64 vítimas, um crescimento de 14,2%. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023, estudo realizado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Na opinião do especialista em segurança pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cássio Thyone, os números apenas refletem a falta de investimento do estado com a questão.
TEC./SONORA: especialista em segurança pública e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Cássio Thyone
“O estado da Bahia não tem feito a lição de casa, no que diz respeito a tratar a segurança pública com a prioridade e com as ações assertivas que a gente espera que o estado viesse a fazer. Os índices de criminalidade na Bahia estão realmente ruins. São vários índices não só de crimes letais, como homicídios. Tem a questão da letalidade da polícia também, feminicídio e outros — além também de crimes contra o patrimônio que têm crescido bastante no estado”
LOC.: O Anuário ainda revela que a Bahia entrou no topo da lista dos estados mais violentos do Brasil. A taxa de mortes violentas intencionais (MVI) é de 47,1 por 100 mil habitantes, enquanto a média nacional é de 23,3 por 100 mil. O advogado criminalista e professor de direito penal, Carlos Fernando Maggiolo, diz que, hoje, se vive um momento em que a escalada da criminalidade se dá em razão da benevolência de todos. Para o analista, a casa legislativa também foi se tornando mais benevolente com os autores dos crimes, sobretudo os crimes violentos.
TEC./SONORA: advogado criminalista e professor de direito penal, Carlos Fernando Maggiolo
“A política pública hoje recomenda que seja recolhido à prisão apenas os autores de crimes com violência cuja pena seja acima de 4 anos. Então o crime de furto, que é um crime que a pena é de 1 a 4 anos, ele nunca vai ter o agente criminoso detido porque a própria lei já diz que ele não pode ser recolhido. Esses autores acabam saindo impunes pela porta da frente da delegacia. A gente está vivendo um momento realmente de descalabro no Brasil”
LOC.: De acordo com o estudo realizado pela Associação dos Delegados de Polícia do Brasil (Adepol), a partir de dados das polícias civis e da Polícia Federal, a Bahia também é o segundo pior estado na resolução de inquérito policial por homicídio, com apenas 17,24% de casos resolvidos no ano de 2022. O estado fica atrás apenas do Rio de Janeiro que possui uma taxa de 11,8%.
Reportagem, Lívia Azevedo