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Uma pesquisa realizada pela PwC Brasil em parceria com o Instituto Locomotiva revela que 81% da população com 10 anos ou mais usa a internet, mas somente 20% dos usuários têm acesso de qualidade à rede. De acordo com o levantamento, apenas um terço da população está plenamente conectada. Dos motivos que levam à desigualdade de acessos, destacam-se as deficiências da infraestrutura de conexão.
Na avaliação do ex-coordenador do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) Márcio Migon, a abrangência da conexão das pessoas que conseguem se conectar à rede tem aumentado progressivamente. No entanto, ele acredita que a universalização da qualidade da internet demore tanto quanto o desenvolvimento econômico e social de um país com grandes dimensões, como é o caso do Brasil.
“A transformação digital carrega tudo de bom e tudo de ruim que o nosso complexo país possui em outros setores. É claro que, pela contemporaneidade dessa indústria, o ambiente digital ganha um destaque em relação a outras infraestruturas, principalmente por ser um ambiente de convergência de inovação tecnológica e infraestrutura”, considera.
A internet já era considerada uma ferramenta essencial para determinados tipos de atividades laborais, além de ser um instrumento fundamental para a relação interpessoal entre indivíduos. Com o advento da pandemia, outras profissões tiveram que passar a utilizá-la ainda mais.
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A professora de matemática Raphaela Antunes tem 36 anos e mora em Quiterianópolis, no Ceará. Ela conta que, desde o início da carreira, utiliza a internet para pesquisas e elaboração de aulas. Porém, com a pandemia da Covid-19 e a necessidade de ministrar aulas remotas, a internet se tornou ainda mais importante, mas, ao mesmo tempo, o principal obstáculo.
“No início, as aulas deveriam acontecer normalmente, de forma remota. A ideia era começar, no turno da tarde, às 13h e seguir até as 17:40. Iniciamos dessa forma, mas nem sempre a conexão de internet nos deixava terminar. Às vezes, a conexão estava muito fraca e, em outros casos, ia-se de vez e não tínhamos como continuar a aula”, relata.
A pesquisa revela, ainda, que 29% da população pode ser considerada plenamente conectada. Esse grupo está centralizado nas regiões Sul e Sudeste, conta com celular pós-pago. São pessoas escolarizadas e têm acesso a notebooks e dados para utilizar internet por um período de 29 dias.
Já os parcialmente conectados respondem por 26% dos brasileiros. Eles se concentram no Sudeste, são menos escolarizados, predominantemente negros e pertencentes às classes C, D e E, com um acesso médio de 25 dias por mês.
Por outro lado, as regiões Norte e Nordeste contam com 25% dos usuários. Esse grupo é composto por indivíduos menos escolarizados, pertencentes às classes D e E, e majoritariamente negros. Neste caso, o período médio de acesso no último mês em que essas pessoas tiveram dados disponíveis para acessar a internet foi de 19 dias.
Ainda de acordo com o estudo, 13,5 milhões dos domicílios contam com conexão de banda larga móvel via modem ou chip, que é mais lenta para acessar a internet. Desse total, 69% tem conexão por cabo e/ou fibra óptica e 22% via modem ou chip. Entre os entrevistados, 9% dizem não saber o tipo de conexão utilizada. Entre quem não tem acesso à internet nas residências, 68% indicaram que o elevado custo dos serviços é um dos motivos para não os contratar.
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