No Amazonas seca prejudica os pescadores. Foto: Antonio Passos Veiga/Colônia de Pescadores Z-20 de Manicoré
No Amazonas seca prejudica os pescadores. Foto: Antonio Passos Veiga/Colônia de Pescadores Z-20 de Manicoré

Amazonas: seca prolongada provoca crise na atividade pesqueira

De acordo com o boletim divulgado pela Defesa Civil do Amazonas na quarta-feira (4), devido a seca, 40 municípios estão em estado de emergência e 19 em alerta

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Com a seca atingindo o Amazonas, 40 municípios estão em estado de emergência, e 19 em alerta, de acordo com o último boletim divulgado na quarta-feira (4) pela Defesa Civil do estado. O secretário de Pesca e Aquicultura da Secretaria de Produção Rural do Amazonas (Sepror a AM), Alessandro Cohen, afirma que caso a seca se prolongue, a atividade pesqueira do estado pode ser afetada.

“O governador tem se antecipado com medidas cabíveis, como a liberação de R$ 8 milhões de reais e aquisição de cestas básicas para suprir a necessidade que realmente possa acontecer. Cálculos climáticos dizem que essa seca poderá se prolongar, passando novembro, então vamos trabalhar com essa estimativa”, destaca Cohen.

Ele ainda explica que caso o volume de água nos rios não aumente, pode afetar também o abastecimento de peixe nos municípios.

Pagamentos antecipados

De acordo com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, nos municípios que estão em situação de emergência, o governo federal deve antecipar o pagamento do Bolsa Família e do Benefício de Prestação Continuada (BPC) para o dia 19 de outubro.

Além disso, o governo também planeja antecipar o seguro-defeso, que tem início em 15 de novembro, aos pescadores prejudicados com a seca.

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Atividade pesqueira no Amazonas

De acordo com o Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam), mais de 45 mil pescadores vivem diretamente da atividade pesqueira e cerca de 200 mil pessoas estão envolvidas no sistema produtivo e com os subprodutos.

Antonio Passos Veiga é presidente da Colônia de Pescadores Z-20 de Manicoré, município em estado de alerta, localizado no sul do Amazonas, no rio Madeira. É um caminho estratégico entre Manaus e Porto Velho. Ele explica que a maior parte do tráfego é feito por via fluvial, logo, a mercadoria total passa por esse meio de transporte. “Nessa situação os produtos ficam ainda mais caros, nossas estradas não têm as mínimas estruturas e os aviões possuem valores elevados, poucos têm condições de transportar dessa forma”, afirma.

De acordo com ele, o tráfego de balsas e barcos aumenta o perigo nos canais de rios, podendo causar acidentes com as embarcações. Passos ainda explica que esse período mais seco acontece todos os anos, mas em 2023, veio em uma escala maior. “As águas ficam rasas no rio e o pescado fica sem oxigênio, procurando águas mais profundas. Quando não encontra, vem essas situações de tragédia que estão acontecendo, com a mortalidade em massa de peixe. Esse pescado está sendo desperdiçado porque só serve de alimento para animais”, completa.

Pesca esportiva

A pesca esportiva, conhecida como pesque e solte, envolve a prática de devolver o peixe ao seu habitat natural. O decreto permite aos pescadores fisgar, medir, pesar e até mesmo tirar fotos com o peixe antes de remover o anzol e devolvê-lo ao rio. O início da temporada de pesca esportiva no estado aconteceu em setembro.

A Secretaria de Pesca e Aquicultura da Sepror - AM informa que hoje, a pesca esportiva do Amazonas está concentrada em todo o Rio Negro, se estendendo desde São Gabriel da Cachoeira até Barcelos. “São cerca de 40 mil pescadores esportivos, com um volume de orçamento de R$ 100 milhões, então tem um impacto muito grande na economia”, destaca.

Segundo ele, vários pescadores são de outros estados, que compram pacotes turísticos em hotéis de pesca na natureza. 

De acordo com a Empresa Estadual de Turismo (Amazonastur), o esporte movimenta cerca de R$ 500 milhões em receita direta e indireta.

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Previsão para os próximos dias

A meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) Andrea Ramos explica que na região Norte, não há estações definidas como primavera, outono e inverno. O que acontece são períodos mais e menos chuvosos.

“As chuvas estão abaixo da média, e as temperaturas estão três, quatro ou até cinco graus acima. A umidade do solo também está baixa por conta da pouca chuva”, informa a meteorologista.

Ela destaca que para os próximos dias, as temperaturas podem chegar até 39ºC, e o dia já começa quente, com cerca de 26ºC. “A massa de ar seco e quente está atuando principalmente na parte mais oeste do Amazonas, pegando Manaus, por isso a temperatura fica alta. No final de semana tende a diminuir um pouquinho, com 35ºC, 36ºC”, completa. Há uma baixa previsão de chuva para sexta-feira (6) à tarde, mas não deve chover no final de semana.

Veja os municípios que estão em estado de emergência:

  • Alvarães
  • Amaturá
  • Anamã
  • Anori
  • Antônio do Içá
  • Atalaia do Norte
  • Autazes
  • Benjamin Constant
  • Boca do Acre
  • Borba
  • Caapiranga
  • Careiro da Várzea
  • Coari
  • Humaitá
  • Eirunepé
  • Envira
  • Fonte Boa Pauini
  • Guajará
  • Ipixuna
  • Iranduba
  • Itamarati
  • Japurá
  • Jutaí
  • Lábrea
  • Manaquiri
  • Manaus
  • Maraã
  • Maués
  • Nova Olinda do Norte
  • Rio Preto da Eva
  • Santo
  • São Gabriel da Cachoeira
  • São Paulo de Olivença,
  • Tabatinga
  • Tefé
  • Tonantins
  • Uarini
  • Urucará

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