Foto: divulgação/ REDES-Fiepa
Foto: divulgação/ REDES-Fiepa

Mercado de pescado eleva Pará ao posto de maior consumidor da proteína no Brasil

Projeção do governo do estado é de que mercado de peixes e camarões cresça 20% ao ano entre 2020 e 2030; prática gera emprego e renda, mas ainda falta regulação

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Entre 2020 e 2030, o crescimento anual na produção de peixes e camarões no Pará será de 20%. É o que aponta o Plano Estadual de Desenvolvimento da Aquicultura no estado, elaborado ainda no primeiro semestre desse ano. Com a projeção, o governo local prevê um maior desenvolvimento da cadeia aquícola, com aumento da produção, geração de emprego e renda e mais segurança alimentar. 

Por ser a proteína animal mais consumida do mundo, o pescado tem um mercado em ascensão, segundo um estudo da REDES, elaborado pela Federação das Indústrias do Pará (Fiepa), em parceria com a Norte Energia S.A. A pesquisa reforça a importância da pesca e da aquicultura para o estado pertencente à região Norte. O foco do diagnóstico foi a região do Xingu, compreendendo os municípios de Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio, Vitória do Xingu, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz e Uruará, além de Gurupá, na região do Marajó, e São Félix do Xingu, na Região do Araguaia. 

“Essa parceria é muito importante em relação ao fortalecimento da cadeia mercadológica do pescado”, comenta o gestor executivo da REDES, Marcel Souza. 

Ele adianta que esse complexo diagnóstico para entender esse mercado envolve, ainda, eventos como palestras, webinários, rodadas de negócios, encontros, revistas, cartilhas. “Tudo relacionado para difundir e promover as espécies mais importantes, mais consumidas que podem estar num prato de comida da merenda escolar nas escolas públicas municipais no Xingu ou num prato de almoço familiar, no mercado varejista, atacadista, restaurantes, bares. Tudo envolve o fortalecimento do mercado, da importância do pescado”, garante Marcel. 

No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, ainda, que a produção de peixe cultivado no Pará, com base em 2018, foi de 13,5 mil toneladas. A de camarão somou 60 toneladas, enquanto a de moluscos, como as ostras, chegou a 70 toneladas. 

Em 2016, segundo o estudo da REDES, o mercado de peixes superou o de carnes suína, de aves e bovina, totalizando uma produção de 170,9 milhões de toneladas. Nesse mesmo ano, 90,9 milhões de toneladas foram oriundas da pesca e 80 milhões de toneladas advindas da aquicultura. Desse total, 151,2 milhões de toneladas foram usadas na alimentação humana. De acordo com a pesquisa, a tendência é de que esse consumo continue crescendo, estimulado principalmente pela busca das pessoas por alimentos mais saudáveis e pela contínua melhoria dos canais de distribuição dos produtos.

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Campeão 

O Pará está no ranking dos estados que mais consomem pescado no Brasil, segundo o relatório da Fiepa. A produção do Pará é projetada em cerca de 150 mil toneladas, com 140 mil toneladas oriundas da pesca e 10 mil toneladas advindas da aquicultura. Pesca marinha, pesca continental, aquicultura continental e maricultura são as principais responsáveis pela produção paraense.

O número rendeu ao estado paraense a primeira posição no ranking nacional de pescado oriundo do extrativismo, condição mantida há um longo período, de acordo com as estatísticas oficiais. A pesca é considerada uma das atividades mais tradicionais do cenário amazônico, incluindo o Pará. Entre os principais municípios em termos de desembarque pesqueiro, estão a capital Belém, Santarém e Tucuruí, entre outros. 

Mas ainda há barreiras a serem enfrentadas. A falta de um marco regulatório da atividade ainda impede que a atividade seja, de fato, mais bem aproveitada. 

“No que diz respeito à pesca continental, ou pesca de água doce, não há perspectiva de incremento da produção no estado do Pará. Essa atividade é praticada tanto com finalidade de subsistência quanto com finalidade comercial, sempre na escala artesanal. Nesse contexto, podemos afirmar que não é uma questão tecnológica que limita essa incapacidade de prover incrementos na produção. Na verdade, os estoques pesqueiros explorados encontram-se em estado de sobre-exploração ou estão explorados ao seu limite”, opina o docente e pesquisador da Universidade Federal do Pará (UFPA) Marcos Brabo. 

“As melhores alternativas são agregação de valor a esse pescado por meio de processos de beneficiamento, inclusive de aproveitamento integral, e uma gestão econômica mais eficiente dessas iniciativas, o que perpassa também por uma organização social mais atuante e que viabilize insumos de qualidade, preço justo, um preço de primeira comercialização mais atrativo ao pescador artesanal”, completa Brabo. 

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