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Como o servidor público federal está lidando com o trabalho remoto durante a pandemia? A pergunta faz parte de uma pesquisa realizada pela Secretaria de Gestão e Desempenho Pessoal (SGP) do Ministério da Economia e da Escola Nacional de Administração Pública (Enap), que começaram a avaliar esta semana como funcionários do Poder Executivo Federal têm reagido ao teletrabalho em meio ao isolamento social.
A iniciativa faz parte de um estudo conduzido pela Duke University, em parceria com a Harvard Business School e com um laboratório israelense de economia comportamental (Kayma). A pesquisa é de nível mundial, com foco no Brasil, Estados Unidos e Israel.
A pesquisa virtual é anônima, voluntária e leva cerca de 15 minutos para ser respondida. As perguntas abordam uma realidade antes e depois da covid-19. Uma delas, por exemplo, quer saber como o servidor administrava o tempo com atividades rotineiras antes da pandemia – como dormir, passear com filhos ou com animais, cuidar da casa – e como administra agora. Experiências no campo emocional também são uma preocupação. Avaliar se está se sentindo menos motivado e mais ansioso estão entre os questionamentos.
“A nossa expectativa é de ter insumos e informações para rediscutir e redesenhar políticas de teletrabalho após essa experiência que a quarentena nos impôs”, afirma a secretária adjunta de Gestão e Desempenho do governo federal, Flávia Goulart.
Segundo dados do governo, cerca de 50% dos servidores do Executivo estão trabalhando de casa atualmente. Maria Augusta Barros, de 48 anos, engrossa essa estatística. Servidora do Ministério da Economia, ela comenta que exerce suas funções de casa desde o dia 23 de março.
“Nunca tinha feito antes, então estranhei no começo. Mas fui me adaptando muito bem. Hoje mantenho a rotina como se fosse sair para trabalhar: acordo, tomo banho, tomo café, me arrumo e me sento para trabalhar na sala. Paro para o almoço, volto no horário devido e fico até meu horário final”, detalha a servidora.
A parte “chata”, segundo Maria Augusta, é ficar sem ver os colegas de trabalho e amigos mais próximos. “Graças à tecnologia e ferramentas para encontros virtuais, isso tem sido mais tranquilo. Falta abraço, falta contato, mas tem sido tranquilo”, revela.
João Guilherme Araújo, 34, tem vivido uma experiência semelhante. Servidor do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, conta também ser a primeira vez que realiza trabalho fora do ambiente executivo. “Estou tentando manter um cronograma como se estivesse indo ao ministério”, garante.
Mas o servidor notou que a quantidade de trabalho realizado de casa cresceu “sensivelmente”. “A quantidade de processos que minha área recebe aumentou, colegas de trabalho também relataram isso”, confirma.
A psicóloga especialista em trabalho Katsumi Takaki avalia a situação como a nova realidade no mundo todo. “A casa virou o único espaço para tudo. Antes, a casa era só um lugar de descanso, mesmo com trabalho e produtividade. Mas e quando a sua casa vira o principal ambiente de trabalho?”, questiona a psicóloga.
Para ela, é preciso pensar no impacto que esse novo cenário e uma pandemia podem causar na saúde mental do trabalhador. “É muito complicado exigir que o trabalhador tenha um nível de produtividade e esqueça o que está acontecendo do lado de fora”, alerta. Oscilações, mau humor, ansiedade e falta de concentração, segundo Katsumi, são comuns nessa nova rotina. “Até porque não estamos mais nos deslocando para o espaço físico do trabalho, a nossa casa se tornou o centro de tudo”.
A orientação da psicóloga é que as pessoas que moram na mesma casa se organizem juntas para manter uma rotina saudável. “Esse é um grande desafio, porque, trabalhando de casa, é preciso pensar em como desligar a chave do trabalho e ligar a da vida doméstica, de casal, de acompanhar os filhos na vida escolar. Por isso, organizar uma rotina é superimportante para se manter são”, recomenda.
Estudo
A pesquisa foi enviada a 600 mil servidores públicos federais do Executivo, mas a diretora de Pesquisa e Pós-Graduação da Enap, Diana Coutinho, esclarece que servidores estaduais, municipais e da iniciativa privada também podem responder. “A gente consegue identificar na pesquisa quem é do setor público ou não. Queremos entender se ele gosta do teletrabalho, se não gosta, como se sentiria se o trabalho remoto fosse expandido para além desse contexto da covid-19, se o servidor entende que é viável realizar o trabalho de forma remota”, pontua.
Além dos sentimentos durante e pós-pandemia, o estudo quer saber se o servidor conta com infraestrutura adequada para esse trabalho, como computador, internet e local adequado em casa. “A gente quer entender a vontade dos servidores, a viabilidade do trabalho remoto, o que afeta as condições e a produtividade”, comenta a pesquisadora.
Diana Coutinho ressalta que a Enap terá acesso aos dados de outros países também, o que vai permitir comparar condições e percepções sobre o trabalho remoto aqui no Brasil. Com as informações, a pesquisadora garante que a entidade vai trabalhar para dar mais suporte ao servidor.
“A Enap vai usar o resultado dessa pesquisa para definir ações de capacitação de trabalho remoto, uso de ferramentas de gestão, para usar essas ferramentas de maneira produtiva. A pesquisa vai nos ajudar a entender e reprogramar nossa própria oferta de treinamento”, espera.
“O trabalho remoto não pode, de forma alguma, prejudicar a provisão pelo setor público daquilo que ele deve à sociedade. Então, essa experiência agora é uma forma de a gente testar e refletir em que medida a gente consegue passar para esse regime de trabalho sem prejudicar o cidadão”, completa a pesquisadora do Enap.
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