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Desde o ano passado o preço da carne bovina tem subido no Brasil, chegando a um aumento de 18% em 2020. Isso tornou o alimento uma espécie de vilão na mesa dos brasileiros. Em fevereiro, a carne subiu 1,72% na comparação com janeiro, segundo o IPCA publicado pelo IBGE no mês passado.
Para explicar o porquê desse aumento, o portal Brasil61.com conversou com o assessor técnico da Comissão Nacional de Bovinocultura de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Ricardo Nissen, que abordou o principal motivo.
Segundo ele, diferente das outras culturas de produção animal, a pecuária de corte tem um ciclo médio de 30 à 50 meses, ou seja, pode levar de dois anos e meio até cinco anos. “E é justamente por causa desse longo período que estamos enfrentando agora um momento da falta de animais. Quando voltamos na história, por volta dos anos de 2016 e 2018, tivemos um momento em que a arroba estava desvalorizada, o produtor abateu diversas fêmeas e, assim, reduziu a produção de bezerros. Justamente para equilibrar as contas”, afirmou.
De acordo com Ricardo, o preço aumentou porque temos menos animais para o abate, mas isso não quer dizer que pode faltar carne bovina na mesa do brasileiro porque o país é “autossuficiente na produção do alimento. Acabamos importando pouca carne quando falamos em carne gourmet, no caso da super premium que segue para as churrascarias e steakhouse. Mas o Brasil é autossuficiente. Somos o segundo maior produtor do mundo e o maior exportador”, esclareceu.
O assessor técnico explicou que mesmo com a baixa quantidade de animais para consumo, não deve faltar carne bovina, o valor do alimento tem uma diferença de impacto na mesa das pessoas que moram nas grandes e pequenas cidades. Quando se fala do interior “falamos de cidades em que a demanda e a oferta são ajustáveis. Na cidade grande temos uma demanda mais volátil, justamente por conta da quantidade de pessoas. Possivelmente o consumidor da cidade grande sinta mais os impactos, enquanto nas cidades pequenas temos uma distribuição mais rápida e direta por estar próxima dos centros produtores”, destacou Ricardo.
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Uma vez que os moradores das grandes cidades sentem os impactos dos altos valores nas compras, a população com menor renda também é a mais afetada pelo preço da carne. Segundo o especialista, isso pode justificar as pessoas preferirem outros tipos do alimento na hora de fazer o mercado. “Observamos que uma parcela da população carente prefere outras proteínas como o próprio frango, que tem uma produção industrial alta e é uma das carnes que vem sendo mais consumidas por esta classe”, avaliou.
A partir de agora com a mudança no cenário da produção do gado é possível que o brasileiro possa retomar o consumo da carne bovina com um preço mais acessível. Pelo menos é no que acredita o Ricardo Nissen. “Por causa das chuvas, no final do ano passado, começamos a ter mais produção nas pastagens. Temos uma grande quantidade de animais que serão abatidos nesse primeiro semestre. Devemos ter uma manutenção do preço da carne bovina no próximo mês e, depois, lá para o final de maio observaremos uma queda nos preços”, explicou.
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