LOC.: Para escolher os prefeitos, vice-prefeitos e vereadores nas eleições deste ano, os brasileiros têm mais candidatos ligados às áreas da saúde do que na última disputa eleitoral para os mesmos cargos. Um levantamento realizado pelo portal Brasil61.com revela que das últimas eleições para cá, aumentou o número de pessoas que declararam à Justiça Eleitoral terem uma profissão ligada à alguma área da saúde, como médicos, enfermeiros ou farmacêuticos.
Este ano temos 2.720 médicos disputando o pleito, enquanto 2.554 concorreram na última eleição. No caso dos agentes de saúde e sanitaristas, foram 3.860 registros agora em 2020 sendo que em 2016 o número foi de 3.730. Já os farmacêuticos subiram de 814 candidatos na última disputa para 917 neste ano.
De acordo com Creomar de Souza, que é cientista político e professor da Fundação Dom Cabral, o momento de pandemia propicia um aumento no número de candidatos com profissões diretamente relacionadas a atual situação do Brasil.
TEC./SONORA: Creomar de Souza, cientista político e professor da Fundação Dom Cabral.
“Isso tem correlação direta com o impacto da pandemia na vida da cidade. Vamos lembrar o seguinte: o país está envolvido nesse choque entre ‘abre, fecha, para onde vai e o que faço’. Isso tem dado um maior peso e uma maior reflexão para as questões que envolvem a saúde pública e, como tal, acaba sendo natural um número muito grande de candidatos vinculados à questões de saúde, muito vinculados à temática do momento.”
LOC.: Indo ao encontro desse pensamento, o primeiro Tesoureiro do Conselho Nacional de Enfermagem, Gilney Guerra, destaca que os profissionais de saúde têm uma certa vantagem ao ingressar na gestão municipal por terem a experiência no gerenciamento diário de crises de saúde pública.
TEC./SONORA: Gilney Guerra, primeiro Tesoureiro do Conselho Nacional de Enfermagem.
“O enfermeiro é um gestor nato, pois gerencia crises, o enfermeiro gerencia a parte da Atenção Primária à Saúde. Então, de forma geral, eu acho importante a participação do profissional de saúde na política, na gestão municipal, vem a somar porque nós [profissionais da saúde] reconhecemos e sabemos a dor que a população sofre.”
LOC.: Outro dado levantado pelo portal Brasil61.com e que pode ajudar a compreender esse aumento diz respeito à situação dos municípios gerenciados por médicos, em uma análise feita em agosto. Dos 276 prefeitos brasileiros que se declararam como médicos à Justiça Eleitoral, 210 conseguiram registrar taxas de mortalidade pela Covid-19 inferiores à média nacional, que é de 3,3%.