Foto: Daniel Santini (Portal Ypadê)
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TIRA DÚVIDAS: esclarecimentos sobre a vacinação de quilombolas contra a Covid-19

As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social

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Diante da emergência ocasionada pelo coronavírus SARS-CoV-2, o reconhecimento da pandemia pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a declaração de Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN), o Ministério da Saúde tem se organizado e estabelecido medidas que sirvam de resposta e enfrentamento da Covid-19. 

São diversas ações de combate à essa doença, indicadas pelo Ministério da Saúde, como as não farmacológicas – ou seja, medidas que não usam medicamentos, produtos químicos ou tratamento; tais como distanciamento social, etiqueta respiratória e de higienização das mãos, uso de máscaras, limpeza e desinfeção de ambientes, isolamento de casos suspeitos e confirmados e quarentena dos contatos dos casos de Covid-19, conforme orientações médicas.

Para além disso, o Ministério da Saúde recomenda a vacinação contra o coronavírus dos grupos prioritários conforme o Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação. Pois é uma das medidas mais importantes para evitar a transmissão do vírus e contágio de outras pessoas que não estão doentes. Além disso, a vacinação ajuda a proteger a população e evita casos mais graves da doença, reduz o risco de internação e morte. Mas é necessário que todas as medidas sejam utilizadas de forma integrada, a fim de controlar a transmissão da Covid-19, permitindo também a retomada gradual das atividades desenvolvidas pelos vários setores e o retorno seguro do convívio social.

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Mas em se tratando da vacinação contra o coronavírus, um dos grupos prioritários para receber as doses da vacina é a população quilombola. Para se ter uma noção, o Brasil possui 1.279 cidades com comunidades quilombolas e que reúnem uma população de 66,27 milhões de habitantes. Deste montante, 1.176.744 são quilombolas. Esses dados fazem parte do Censo do IBGE-2010, tendo como referência as áreas mapeadas em 2020, que incluiu indivíduos acima de 18 anos sobre Povos e Comunidades Tradicionais Quilombola.

A Bahia é o segundo estado em número de cidades com mais comunidades quilombolas, 192. Mas detém a maior população quilombola entre todas as unidades da Federação, com 268.573 habitantes. Enquanto isso, Minas Gerais é o estado com o maior número de cidades com comunidades quilombolas: 283 no total. Estas comunidades reúnem 130.812 habitantes. Além disso, 326 cidades contam com comunidades quilombolas abaixo de 100 habitantes.

Por isso, a vacinação contra a Covid-19 é uma das principais formas de combater a doença e de manter preservadas as comunidades quilombolas, diminuindo a quantidade de pessoas com sintomas, casos graves e óbitos pela doença. Por isso, o governo federal está atuando com foco na proteção dessas comunidades, como forma de enfrentamento da pandemia da Covid-19. 

Para ajudar a esclarecer algumas dúvidas a respeito da vacinação da população quilombola, vamos conversar com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Francieli Fantinato. 

Secretária em relação à quantidade de vacinas enviadas para proteger as comunidades quilombolas, como foi feito o cálculo do Ministério da Saúde?

“A estimativa populacional foi levantada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) e incluiu os indivíduos acima dos 18 anos de idade. Para isso, foi usado como base o Censo do IBGE do ano de 2010, e teve como referência as áreas mapeadas no ano de 2020. Para esse público já foi enviado 100% das doses. Em caso de os denominadores terem alguma margem de imprecisão, os estados podem levantar esses números e encaminhar ao Ministério da Saúde, que esses quantitativos serão atendidos.”

Qual a importância da vacina nas comunidades quilombolas?

“As comunidades quilombolas são populações que vivem em situação de vulnerabilidade social. Elas têm um modo de vida coletivo, os territórios habitacionais podem ser de difícil acesso e muitas vezes existe a necessidade de percorrer longas distâncias para acessar os cuidados de saúde. Com isso, essa população se torna mais vulnerável à doença, podendo evoluir para complicações e óbito.” 

Secretária mesmo quem já teve Covid-19 precisa se vacinar? 

“Sim. Todas as pessoas que tiveram Covid-19 precisam se vacinar com as duas doses. Mas a orientação da vacinação é de que ela ocorra após quatro semanas do início dos primeiros sintomas ou quatro semanas do primeiro exame positivo de RT-PCR em pessoas que não desenvolveram sintomas.”

Dentre outros receios existentes nas comunidades quilombolas, um é de que a vacina cause alguma reação em quem toma. De acordo com o Ministério da Saúde, é possível ter algum tipo de reação depois de ser protegido pela vacina, pois todas as vacinas que estão incorporadas no Programa Nacional de Vacinação (PNI) são seguras. Mas como qualquer medicamento, qualquer vacina, elas podem ter eventos adversos após a vacinação.

É isso mesmo secretária?

“Na maioria das pessoas esses sintomas são leves. Os eventos mais comuns observados, em relação à vacina contra a Covid-19, são dor de cabeça, dor no local da aplicação, febre, náuseas, dores no corpo, tosse e até mesmo diarreia. Em caso de eventos adversos pós vacinação orienta-se que os indivíduos procurem a unidade de saúde para ser acompanhados pelo serviço.”

A vacinação contra a Covid-19 é segura para a população quilombola?

“Todas as vacinas da Covid-19 que estão disponíveis hoje, no Programa Nacional de Imunizações (PNI), são seguras. Seja para a população quilombola, ou seja, para a população em geral. Todas elas passaram pela avaliação da agência regulatória e comprovaram a sua eficácia e segurança.”

Campanha de Vacinação

Com o lema “o cuidado é de cada um, o benefício é para todos”, no início de maio, o Ministério da Saúde lançou campanha sobre a importância da vacina e de medidas preventivas no combate à pandemia da Covid-19. A campanha apresentou a mulher do personagem, Maria Gotinha, o filho, Zé Gotinha Júnior, e os avós, Dona Gotinha e Seu Gotinha, para mostrar a importância da vacinação e da segunda dose para os brasileiros. 

O governo federal investiu R$ 29,9 bilhões para a compra de vacinas contra a Covid-19. Mais de 600 milhões de doses estão encomendadas para serem entregues até o fim do ano, após acordos fechados com diferentes laboratórios. Até o momento, foram distribuídas mais de 102 milhões de doses de vacinas para todo o país e foram aplicadas mais de 71 milhões de doses, sendo mais de 48 milhões da primeira dose e mais de 22 milhões da segunda dose – de acordo com dados atualizados no dia 08/06/2021, às 10h43.

As vacinas adotadas pelo SUS passaram por todas as etapas necessárias para a criação de um novo imunizante e cumprem critérios científicos rigorosos adotados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Veja o status das vacinas que estarão disponíveis no Programa Nacional de Imunizações (PNI)

Com registro definitivo estão a AstraZeneca/Oxford (Fiocruz) e a Pfizer (BioNTech) com aplicação em duas doses. As vacinas aprovadas para uso emergencial são Janssen (Jhonson & Jhonson) com uma dose e a CoronaVac (Butantan) com duas doses. Por fim, estão em análise pela Anvisa, as vacinas Covaxin (Bharat Biotech) com duas doses e a Sputnik-V (União Química) também com duas doses. 

Plano de Enfrentamento da Pandemia da Covid-19 para as populações quilombolas 

O governo federal lançou, no mês de maio, um painel interativo para que a população possa acompanhar a execução das ações relativas ao Plano de Enfrentamento da Pandemia da Covid-19.  A ação tem objetivo de beneficiar mais de 1,4 milhão de quilombolas em todo o país com ações de segurança alimentar e de saúde. Os dados da plataforma são referentes às iniciativas realizadas em 2021 e estão divididos em seis grupos:

  • Execução do plano
  • Cestas Alimentares
  • Merenda Escolar
  • Auxílio Emergencial
  • Vacinação contra Covid-19
  • Comunidades Certificadas

Sintomas da Covid-19

Sentiu febre, dor de cabeça, cansaço ou perda de olfato e de paladar? Procure atendimento imediatamente. Essa é a orientação do Ministério da Saúde aos cidadãos no combate à Covid-19. 
A procura pelas unidades de saúde deve acontecer assim que surgirem os sintomas, mesmo que sejam leves. Ao longo da pandemia, evidências médicas demonstraram que a demora pela busca de atendimento pode agravar os casos, o que dificulta a reversão do estado clínico do paciente.

O atendimento imediato comprovadamente aumenta as chances de recuperação e diminui a ocorrência de casos mais graves e, consequentemente, o número de internações.

  • Tosse
  • Febre
  • Coriza
  • Dor de garganta
  • Dificuldade para respirar
  • Perda de olfato
  • Alteração do paladar
  • Náuseas, vômitos e diarreia
  • Cansaço
  • Diminuição do apetite
  • Falta de ar

Transmissão da Covid-19

A transmissão acontece de uma pessoa doente para outra por meio de contato próximo, através de aperto de mão, gotículas de saliva, espirro, tosse, catarro e de objetivos ou superfícies contaminadas, como celulares, mesas, talheres, maçanetas, brinquedos e teclados de computador.

Como se proteger

Distanciamento social

Limitar o contato próximo entre pessoas infectadas e outras pessoas é importante para reduzir as chances de transmissão da Covid-19. Principalmente durante a pandemia, devem ser adotados procedimentos que permitam reduzir a interação entre as pessoas com objetivo de diminuir a velocidade de transmissão do vírus.

Trata-se de uma estratégia importante quando há indivíduos já infectados, mas ainda assintomáticos ou oligossintomáticos, que não se sabem portadores da doença e não estão em isolamento.

Além disso, recomenda-se a manutenção de uma distância física mínima de pelo menos 1 metro de outras pessoas, especialmente daquelas com sintomas respiratórios e um grande número de pessoas (aglomerações) tanto ao ar livre quanto em ambientes fechados.

Garantir uma boa ventilação em ambientes internos também é uma medida importante para prevenir a transmissão em ambientes coletivos. Segundo o CDC19 e a OMS20, aglomerações representam um risco alto para disseminação da Covid-19. Para isso, considera-se o aglomerado de várias pessoas num mesmo local, onde se torna difícil para as pessoas permanecerem a pelo menos um metro de distância entre elas.

Quanto mais pessoas interagem durante este tipo de evento e quanto mais tempo essa interação durar, maior o risco potencial de infecção e disseminação do coronavírus. Lugares ou ambientes que favorecem a aglomeração de pessoas devem ser evitados durante a pandemia.

Higienização das mãos

A higienização das mãos é a medida isolada mais efetiva na redução da disseminação de doenças de transmissão respiratória. As evidências atuais indicam que o vírus causador da Covid-19 é transmitido por meio de gotículas respiratórias ou por contato. A transmissão por contato ocorre quando as mãos contaminadas tocam a mucosa da boca, do nariz ou dos olhos.

O vírus também pode ser transferido de uma superfície para outra por meio das mãos contaminadas, o que facilita a transmissão por contato indireto. Consequentemente, a higienização das mãos é extremamente importante para evitar a disseminação do vírus causador da Covid-19. Ela também interrompe a transmissão de outros vírus e bactérias que causam resfriado comum, gripe e pneumonia, reduzindo assim o impacto geral da doença.

Etiqueta respiratória

Uma das formas mais importantes de prevenir o coronavírus é a etiqueta respiratória, a qual consiste num conjunto de medidas que devem ser adotadas para evitar e/ ou reduzir a disseminação de pequenas gotículas oriundas do aparelho respiratório, buscando evitar possível contaminação de outras pessoas que estão em um mesmo ambiente.

A etiqueta respiratória consiste nas seguintes ações:

  • Cobrir nariz e boca com lenço de papel ou com o antebraço, e nunca com as mãos ao tossir ou espirrar. Descartar adequadamente o lenço utilizado.
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas. Se tocar, sempre higienize as mãos como já indicado.
  • Manter uma distância mínima de cerca de 1 metro de qualquer pessoa tossindo ou espirrando.
  • Evitar abraços, beijos e apertos de mãos. Adote um comportamento amigável sem contato físico.
  • Higienizar com frequência os brinquedos das crianças e aparelho celular. Não compartilhar objetos de uso pessoal, como talheres, toalhas, pratos e copos.
  • Evitar aglomerações, principalmente em espaços fechados e manter os ambientes limpos e bem ventilados.

Uso de máscaras em serviços de saúde

O uso universal de máscaras em serviços de saúde deve ser uma exigência para todos os trabalhadores da saúde e por qualquer pessoa dentro de unidades de saúde, independente das atividades realizadas. Todos os trabalhadores da saúde e cuidadores que atuam em áreas clínicas devem utilizar máscaras cirúrgicas de modo contínuo durante toda a atividade de rotina.

Em locais de assistência a pacientes com Covid-19 em que são realizados procedimentos geradores de aerossóis, recomenda-se que os profissionais da saúde usem máscaras de proteção respiratória (padrão N95 ou PFF2 ou PFF3, ou equivalente), bem como demais equipamentos de proteção individual.

Uso de máscaras na população em geral

O uso de máscara facial, incluindo as de tecido, é fortemente recomendado para toda a população em ambientes coletivos, em especial no transporte público e em eventos e reuniões, como forma de proteção individual, reduzindo o risco potencial de exposição do vírus, especialmente de indivíduos assintomáticos.

As máscaras não devem ser usadas por crianças menores de 2 anos ou pessoas que tenham dificuldade para respirar, estejam inconscientes, incapacitadas ou que tenham dificuldade de remover a máscara sem ajuda. Recomenda-se lavar as mãos antes de colocar a máscara, colocando-a sobre o nariz e a boca, prendendo-a sob o queixo.

A pessoa deve ajustar a máscara confortavelmente pelas laterais do rosto, e certificar-se que consegue respirar normalmente. As máscaras não devem ser colocadas em volta do pescoço ou na testa, e ao tocá-la, deve-se lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70% para desinfecção. Para pessoas sintomáticas recomenda-se o uso de máscaras cirúrgicas como controle da fonte.

Importância dos Agentes Comunitários

Para que esse trabalho de vacinação pelas comunidades quilombolas seja realizado de forma mais rápida e segura, é importante ainda entender o papel dos Agentes Comunitários de Saúde e as Equipes de Saúde da Família – que são fundamentais no cuidado à saúde e, também, podem tirar dúvidas sobre a vacinação.

Mais conhecidos pela sigla ACS, os agentes comunitários de saúde têm o papel de realizar a prevenção em âmbito familiar, indo de casa em casa de uma determinada comunidade – e que geralmente é onde o próprio agente mora. O papel exercido por esses profissionais é a ligação entre os domicílios, as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e a comunidade. O agente também atua em espaços comunitários, com objetivo de esclarecer a população e ajudar na prevenção de doenças e a saúde, desenvolvendo, junto à sociedade, ações empreendedoras.

Entre os esforços dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) estão:

  • Cadastrar todas as pessoas de sua microárea e manter os cadastros atualizados;
  • Acompanhar, por meio de visita domiciliar, todas as famílias e indivíduos sob sua responsabilidade. As visitas deverão ser programadas em conjunto com a equipe, considerando os critérios de risco e vulnerabilidade de modo que famílias com maior necessidade sejam visitadas mais vezes, mantendo como referência a média de uma visita/família/mês;
  • Desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das doenças e agravos e de vigilância à saúde, por meio de visitas domiciliares e de ações educativas individuais e coletivas nos domicílios e na comunidade, por exemplo, combate à dengue, malária, leishmaniose, entre outras, mantendo a equipe informada, principalmente a respeito das situações de risco;

 Para saber mais sobre a campanha de vacinação contra a Covid-19 em todo o país, acesse www.saude.gov.br.

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