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LOC.: O Brasil tem potencial para se tornar um dos principais produtores de terras raras no mundo — um grupo de minerais essenciais para tecnologias limpas, como turbinas eólicas, veículos elétricos e equipamentos eletrônicos.
Mas, segundo o Conselho de Mineração da Confederação Nacional da Indústria, para transformar esse potencial em realidade, o país precisa investir em pesquisa, tecnologia e em um ambiente regulatório mais eficiente.
O tema foi debatido no último encontro do colegiado, que também abordou licenciamento ambiental, legislação mineral, segurança no setor e iniciativas setoriais. Na ocasião, o presidente do Conselho, Sandro Mabel, afirmou que o momento é propício para transformar o potencial geológico brasileiro em políticas reais.
Atualmente, a China domina o mercado global, respondendo por cerca de 60% da produção desses minerais. O Brasil tem a segunda maior reserva do planeta, com cerca de 21 milhões de toneladas, mas responde por apenas zero vírgula zero dois por cento da produção mundial, algo em torno de oitenta toneladas de um total global de trezentas e cinquenta mil.
O Brasil precisa dar um salto em inovação e a produção de terras raras pode contribuir para isso. É o que defende o integrante do Conselho Temático de Mineração da CNI, Luiz Antônio Vessani.
TEC./SONORA: Luiz Antônio Vessani, integrante do Conselho Temática de Mineração da CNI
“O que vem junto com a indústria de terras raras é um aspecto que o Brasil é muito carente e precisa desenvolver desesperadamente: ciência, tecnologia e inovação. O mercado de terras raras em si é um mercado novo, criado através de intenso desenvolvimento de ciência, aplicação de ciências para desenvolver tecnologia, para inovar e gerar produtos”
LOC.: O professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília, Nilson Francisquini Botelho, explica que o desenvolvimento da cadeia produtiva tiraria o Brasil da posição de exportador de matéria-prima.
TEC./SONORA: Nilson Francisquini Botelho, professor do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (UnB)
“Os benefícios seriam maiores com o investimento na parte de transformação, ou seja, a transformação desses metais em produtos tecnológicos. Atualmente, o que se faz é exportar para a China como matéria-prima bruta, e isso acaba agregando muito pouco valor na indústria.”
LOC.: Além dos desafios tecnológicos, o setor enfrenta entraves como a burocracia, o licenciamento ambiental demorado e a insegurança jurídica — fatores que afastam investidores e encarecem os projetos. Para a CNI, garantir regras claras e previsíveis é essencial para atrair capital de longo prazo e consolidar a mineração de terras raras como vetor de desenvolvimento econômico.
Reportagem, Cristina Sena