Data de publicação: 01 de Dezembro de 2023, 04:45h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:27h
O setor de serviços concentra o maior número de postos de trabalho no Brasil. No mês de outubro, foi registrado um saldo de 109.939 vagas com carteira assinada. As áreas da informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, foram destaques, com saldo de 65.128 contratações. Os dados são do Novo Caged.
Para o economista Aurélio Barroso, o resultado não é novidade e não representa melhora da economia. Segundo ele, esse aumento dos postos de trabalho, principalmente no setor de serviços, já era esperado por conta das contratações que ocorrem no fim de cada ano.
“As empresas, naturalmente, com o final do ano chegando, começam a contratar temporários, começam a contratar pessoas já mais ou menos no mês de setembro. Então esse crescimento do final do ano é um crescimento normal. Em janeiro, a gente vai descobrir se essas pessoas foram efetivadas ou não. Normalmente, essas empresas aproveitam em torneio de 20 a 26%”, explica.
O comércio ficou em segundo lugar, com saldo de 49.647 postos de trabalho gerados no mês, principalmente no comércio varejista de mercadorias, com destaque para os supermercados (6.307) e Hipermercados (1.925), além dos artigos de vestuário (5.026). Entre os estados, São Paulo teve o maior saldo, com geração de 69.442 postos, em sua maioria no setor de serviços; Rio de Janeiro, com 18.803 postos e Paraná, com saldo positivo de 14.945 postos.
Na opinião do especialista, ainda é cedo para comemorar esse resultado. “A desoneração da folha de pagamento deve acabar. Com isso, eu acredito que os empregos devam começar a diminuir. As empresas, ao mesmo tempo, vão começar a demitir em vez de começar a contratar. Então, nós temos um cenário desfavorável hoje em relação à empregabilidade do Brasil”, observa.
Dificuldades para empreender
O empresário, engenheiro civil e BIM Manager, Henrique Bolzan de Rezende, de 36 anos, mora em Campo Grande (MS) e diz que tem percebido um cenário econômico desfavorável, além de encontrar maior dificuldade para empreender.
“Pegando do início do ano para cá, tem tido uma pequena redução em alguns setores da nossa área, que é de construção civil, e o principal motivo é o aumento das taxas de juros. A gente trabalha mais voltado para o nicho residencial, então a gente sentiu que a procura por imóveis tem reduzido bastante. Esse tipo de público tem ficado um pouco receoso de comprar e isso acaba afetando a gente, porque acaba tendo menos construção e menos mercado para explorar”, revela.
O economista Aurélio Trancoso diz que, mesmo a Construção Civil, que é responsável por alavancar a economia com geração de empregos e riquezas, também há riscos. “Ela está em alta já há algum tempo. O problema é que, com essa desoneração da folha, voltando a folha ao patamar normal e pagando os impostos, PIS/Cofins, nós vamos ter certos problemas de emprego no país”, reforça.
E o empresário Henrique Bolzan de Resende concorda. “Nossa previsão este ano era aumentar a equipe, só que aí a gente acabou segurando. A gente fez o acompanhamento de quantos clientes vinham fechando, quanto estava aumentando e a gente viu que começou a dar meio que uma estagnada”, desabafa.
Conforme o levantamento, a indústria teve o terceiro maior crescimento do emprego no mês, com saldo positivo de 20.954 postos, com destaque para o setor de fabricação de açúcar bruto e fabricação de móveis. A agropecuária foi o único setor que gerou saldo negativo, com perda de 1.656 empregos no mês.