LOC.: Mais de 40 entidades ligadas ao setor de bebidas assinaram uma carta conjunta para se manifestar contra a determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) que determina o retorno do Sistema de Controle de Produção de Bebidas (Sicobe), desligado em 2016 pela Receita Federal. O setor considera o sistema ultrapassado e ineficiente, além de poder gerar custos à União, e afirma que o religamento é um retrocesso.
O manifesto reforça que o papel do Sicobe ficou no passado, tendo em vista que nos últimos anos a própria Receita desenvolveu novos e modernos sistemas de fiscalização. Em paralelo, o setor também cresceu e investiu em tecnologia, garantindo mais eficiência, transparência e controle da produção, como destaca o presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel.
Na avalição dele, para 2025, o setor defende a modernização do sistema de controle de bebidas, não a realocação de uma ferramenta que não condiz com a evolução tecnológica.
TEC./SONORA: Márcio Maciel, presidente-executivo do Sindicerv
"Esse sistema, além de ter se tornado ultrapassado ineficiente, ele era extremamente caro, um dos motivos pelos quais a Receita desligou ele. Hoje você tem tecnologias muito mais modernas, seguras e baratas e digitais para controlar a produção. O fabricante de bebidas defende a adoção de sistema eficiente, digital, transparente e que acompanha os avanços do setor e da tecnologia. Um sistema que fale com 2025, não um sistema que converse com o início dos anos 2000."
LOC.: Na última sexta-feira (4), o ministro Cristiano Zanin, do STF, concedeu liminar para suspender os efeitos das decisões do TCU. A decisão é provisória e vale até que o STF analise mais a fundo o caso. Segundo o STF, ainda não há data definida para isso ocorrer.
Na decisão, o relator reconheceu que existem fundamentos relevantes que indicam a competência legal da Receita Federal para definir e modificar obrigações acessórias. O ministro também destacou o risco de violação ao pacto federativo, considerando que o retorno ao Sicobe poderia impactar negativamente a arrecadação nos entes subnacionais.
A decisão menciona, ainda, risco orçamentário e fiscal. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), a reativação do Sicobe teria um impacto de R$ 1,8 bilhão em renúncia fiscal, sem cobertura na Lei Orçamentária Anual – o que caracterizaria ofensa ao art. 14 da Lei de Responsabilidade Fiscal.
O presidente-executivo do Sindicerv, Márcio Maciel, aponta que retorno do Sicobe também pode afetar a produção das empresas e, ainda, o comprador final.
TEC./SONORA: Márcio Maciel, presidente-executivo do Sindicerv
"A reinstalação de qualquer mecanismo físico e arcaico de controle de produção, hoje em dia, acarretaria necessariamente interrupção de produção nas fábricas onde isso for instalado. E falando desse sistema, estamos falando de todas as indústrias de bebidas do Brasil, então invariavelmente teríamos que ter paralisação de produção nas fábricas para que um sistema alheio ao sistema de produção fosse implementado lá, isso reduziria a eficiência, afetaria o abastecimento de alguma forma e além do custo que isso geraria, que é o custo estimado da receita, chegando a quase 2 bilhões de reais, esse custo sem dúvida nenhuma seria repassado para a sociedade de alguma forma."
LOC.: O Sicobe foi desenvolvido pela Casa da Moeda em 2009 e era utilizado para controlar o processo produtivo de bebidas, em tempo real. Porém, foi desativado pela Receita Federal em 2016. A carta conjunta foi assinada por entidades como a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não Alcoólicas (Abir) e Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv).
Reportagem, Bianca Mingote