LOC.: Os prejuízos causados pelas chuvas à agropecuária do Rio Grande do Sul — que chegam a dois bilhões e trezentos milhões de reais, de acordo com a Confederação Nacional dos Municípios (CNM) — devem se estender pelas próximas safras. Especialistas apontam que as enchentes não só tornaram algumas lavouras irrecuperáveis, como os sedimentos deixados após o nível das águas baixar podem afetar a fertilidade do solo gaúcho.
Especialista em engenharia agrícola do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS), Fernando Meirelles afirma que algumas áreas foram completamente destruídas pela cheia.
TEC./SONORA: Fernando Meirelles, especialista em engenharia agrícola do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS)
"Já temos perda de solo total, em que ficou simplesmente a rocha matriz, ficou só com a parte de baixo. Onde era lavoura ficou só pedra. Algumas áreas foram completamente destruídas. O solo foi levado. Não sabemos ainda a extensão, mas não vai ser pequena."
LOC.: Diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon destaca que a entidade vai buscar quantificar e mapear, em parceria com a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), as áreas onde o solo foi total ou parcialmente removido. Apesar do levantamento ainda estar em andamento, ele afirma que é possível observar que a região Serrana foi uma das que mais sofreu com perdas de solo.
Segundo Pillon, nas regiões mais baixas, onde a água se movimenta com menor intensidade, pode haver o acúmulo de nutrientes que foram removidos das áreas mais altas, contribuindo para aumentar a fertilidade desses campos. Mas ele alerta que também há risco de contaminação.
TEC./SONORA: Clenio Pillon, diretor de Pesquisa e Inovação da Embrapa
"Eventualmente também há risco de acúmulo de elemento contaminante, até porque essa água passou por vários locais, indústrias, removeu dejetos animais, humanos, eventualmente outros tipos de resíduos que possam causar algum tipo de preocupação."
LOC.: Segundo Fernando Meirelles, os produtores rurais precisarão ter acesso às técnicas de recuperação de solo para, em até três safras, conseguiram a recuperação das áreas mais afetadas. Esse período poderá levar muito mais tempo caso não haja apoio das autoridades, ressaltou.
Reportagem, Felipe Moura.