LOC.: Uma das primeiras medidas tomadas pelo recém-empossado presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi a revogação de uma série de normas do decreto de armas. A principal mudança está na proibição da venda de armas e munições de uso restrito e limitações na quantidade de armamentos permitidos por pessoa.
De acordo com o especialista em segurança pública e cientista político Antônio Flávio Testa, a revogação das normas do decreto das armas foi tomada de forma ideológica. O especialista afirma que a legislação e fiscalização no país é rígida para quem possui armamentos e que essa revogação vai prejudicar lojistas e profissionais da área, além de favorecer o contrabando.
TÉC./SONORA: Antônio Flávio Testa, especialista em segurança pública e cientista político.
“Fica um discurso ideológico. Você tem no Brasil uma lei que garante o direito de armas legais. Não é fácil você comprar uma arma no Brasil, registrar, é muito caro e tem uma burocracia excessiva. Um decreto não pode se sobrepor a uma lei. Fica um discurso ideológico, populista.”
LOC.: O instrutor de tiro Lucas Aurélio acredita que a medida vai prejudicar o setor como um todo, inclusive na manutenção e geração de empregos. Sobre o porte de trânsito, Aurélio, que é CAC há três anos, considera que os profissionais vão ficar mais vulneráveis a criminosos durante o percurso para competições e clubes de tiro.
TÉC./SONORA: Lucas Aurélio, instrutor de tiro e CAC.
“A gente vai continuar deixando só o bandido armado. O cidadão passa por várias etapas para conseguir uma arma de fogo, demora um período de oito a dez meses, e a gente está vendo tudo ir por água abaixo. Infelizmente é o que está acontecendo.”
LOC.: O especialista em segurança pública e privada Leonardo Sant’Anna também analisa que a revogação é equivocada. Para o especialista, mesmo com o aumento do número de registro de armas, com um registro atual de mais de dois milhões de armas registradas no país, o número de crimes cometidos com esses armamentos não acompanhou esse aumento.
TÉC./SONORA: Leonardo Sant’Anna, especialista em segurança pública e privada.
“Locais como o Distrito Federal, por exemplo, que chegou a ter um aumento de 600% na emissão de registro e compras de arma de fogo demonstraram uma redução drástica nos índices de criminalidade, principalmente os CVLI, que são os crimes violentos letais e intencionais.”
LOC.: Em 2017, o Brasil bateu o recorde na taxa de mortes violentas intencionais, ou crimes violentos letais intencionais, segundo o Anuário de Segurança Pública Brasileiro, com uma média de 30,9 mortes a cada 100 mil habitantes. No entanto, desde 2018, a média desse tipo de morte vem caindo no país. Em 2021, a taxa caiu para 22,3 mortes a cada 100 mil habitantes.
Reportagem, Ana Luísa Santos.