LOC.: A falta da correção da tabela do Imposto de Renda (IR) e avanço da inflação podem fazer com que trabalhadores que ganham menos de um salário mínimo e meio sejam obrigados a pagar o tributo em 2023. Atualmente, o piso nacional das remunerações está em R$ 1.302, fixado por Medida Provisória publicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Com a tabela congelada desde 2015, a faixa de isenção do IR está em R$ 1.903.
O mestre e doutorando em economia Benito Salomão aponta que a atualização da tabela é fundamental para não penalizar os trabalhadores que ganham menos.
TEC./SONORA: Benito Salomão, mestre e doutorando em economia
“O salário nominal valoriza ano por ano. Vai chegar um ponto que você vai estar tributando, o que está acontecendo agora, muito próximo daquela camada de trabalhadores que ganham remunerações pequenas. E a finalidade do imposto de renda não é essa, a finalidade é exatamente estabelecer critérios progressivos, de forma a tributar mais quem ganha mais.”
LOC.: Outro fator que contribui para o cenário é a inflação, que fechou 2022 com alta de 5,79% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso, a defasagem acumulada na tabela do IR é de 148,1%.
Durante sua campanha, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu ampliar a faixa de isenção do IR para R$ 5 mil mensais. No cálculo dos auditores, o reajuste integral da tabela resultaria em uma perda de arrecadação para União de aproximadamente R$ 106,5 bilhões.
O doutor em economia e professor na Universidade Mackenzie, Hugo Garbe, explica que a queda da receita também atingiria Estados e municípios.
TEC./SONORA: Hugo Garbe, doutor em economia e professor na Universidade Mackenzie
“Naturalmente, o novo governo está tentando cumprir a promessa de campanha e uma queda no possível impacto que pode ser causado por uma possível perda de arrecadação. O imposto de renda é uma fonte importante de arrecadação de tributos do Governo Federal e se nós tivermos uma perda de arrecadação significativa nesse tipo de imposto isso pode impactar nos cofres públicos.”
LOC.: O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou nesta terça-feira (17) que o governo pretende votar uma reforma tributária sobre a renda, para desonerar as camadas mais pobres e onerar os que hoje não pagam imposto.
O Ministro também afirmou que o governo deve aprovar a reforma tributária no segundo semestre deste ano, para entrar em vigor durante 2024. A declaração foi dada durante painel “Brasil: um novo roteiro” no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Reportagem, Nathália Guimarães.