Foto: Arquivo/Agência Brasil
Foto: Arquivo/Agência Brasil

Produção agropecuária pode atingir R$ 1,159 trilhão este ano

Produtos como soja, milho, cana-de-açúcar, café e batata inglesa contribuíram para esse resultado. Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul são os estados que mais se destacaram

SalvarSalvar imagemTextoTexto para rádio

ÚLTIMAS SOBRE ECONOMIA


O mês de novembro pode atingir R$ 1,159 trilhão do Valor Bruto da Produção (VBP). O número é considerado recorde se comparado ao mesmo período de 2022, que foi de R$ 1,131 trilhão. O correspondente a 2,5% superior em valores reais ao obtido no ano passado. A estimativa é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Produtos como soja, milho, cana-de-açúcar, café e batata inglesa contribuíram para esse resultado. Os dados do VBP regional mostram que Mato Grosso, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Rio Grande do Sul foram os estados que mais se destacaram.

Na opinião do advogado especialista em direito agrário, Francisco Torma, apesar dos números indicarem um resultado positivo, o cenário poderia ter sido melhor.

“O resultado é timidamente positivo em relação ao ano passado e reflete a relação entre a boa safra de verão que o país teve no ano passado e a baixa dos preços das commodities agrícolas. Caso o preço dos produtos — principalmente os grãos — estivessem em patamares razoáveis, o VBP seria bem melhor”, avalia.

O consultor de Safras e Mercado, Fernando Iglesias concorda e ainda destaca:

“Só o resultado no geral pode ser traduzido como positivo, mas tem alguns adendos para nós mencionarmos aqui. O primeiro é o seguinte, por mais que o resultado operacional, por mais que o resultado ali em termos de receita tenha sido melhor, o setor está convivendo, principalmente os produtores, com margens um pouquinho mais apertadas”, analisa.

O advogado ambientalista Evandro Grili acrescenta mais um ponto para essa discussão. “Eu acho que existem avanços que têm sido feitos, tem que estar sendo feitos o tempo todo. A questão da sustentabilidade é um desafio. Talvez, se estivéssemos um pouco mais avançados nisso, poderíamos estar colhendo até melhores resultados”.

Produtos em destaque

O valor da produção das lavouras cresceu 3,8%, atingindo a marca de R$ 813,0 bilhões. Alguns produtos alcançaram recorde de produção como soja, milho, cana-de-açúcar, café e batata inglesa. O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) acredita que pouca alteração deve ocorrer até o final de 2023, porque com exceção do trigo em algumas regiões, as demais lavouras já estão colhidas.

Outros produtos tiverem contribuições positivas ao VBP são eles: amendoim (18,7%), banana (15,5%), cacau (26,3%), cana-de-açúcar (17,6%), laranja (19,4%), mandioca (43,6%), soja (2,5%) e uva (19,6%). Eles representam 65,6% do faturamento das lavouras. Já os melhores resultados em 2023, foram atingidos por um grupo mais seletivo — entre eles algodão, café, cana-de-açúcar, laranja, milho e soja. 

A estimativa, segundo o levantamento, é alcançar uma produção de 319,9 milhões de toneladas, neste ano.

Mercado externo

Conforme  a Conab, com base nos dados do IBGE, as exportações do agronegócio — de janeiro a novembro de 2023 — foram um dos fatores que na divulgação das contas nacionais afetaram positivamente o Produto Interno Bruto (PIB) da agropecuária. As exportações geraram U$ 139,58 bilhões, sendo que 36,61% do valor foi embarcado para a China.

Na opinião do advogado especialista em direito ambiental Evandro Grili o agronegócio é um setor estratégico para a economia brasileira. Para isso, precisa estar entre as prioridades do governo. 

“Nosso maior comprador, mais de um terço de tudo que a gente exportou foi embarcado pra China, então essa é a importância de mantermos boas relações com esse que é o nosso maior comprador —  e de estarmos atentos aos movimentos do mercado internacional, que tem sido cada vez mais exigente em relação a condições sanitárias e condições ambientais”, destaca.

Apoio e incentivo

Para advogado ambientalista, Evandro Grili, é importante que o segmento receba apoio. “Quando a gente tem um segmento econômico como o do agronegócio, protagonista, que empurra a nossa balança comercial para cima, que faz o nosso PIB crescer, obviamente que a gente tem que olhar para esse setor e pensar de que forma apoiá-lo da menor maneira possível, em todas as suas frentes, financeiras, de tecnologia, de modelos de tributação”, aponta.

O consultor de Safras e Mercado Fernando Iglesias acredita que a a lucratividade do setor é o comportamento dos preços das commodities. “Precisamos de avanços em relação a preços para acontecer uma melhora da receita, uma melhora das margens. Então basicamente exige um tipo de atenção, linhas de crédito talvez, com juros mais baixos para financiar a produção”, salienta.

Segundo o ambientalista Charles Dayer, Existem muitos fatores que precisam ser observados. “Não tem como deixar de prestar o máximo de suporte que a gente puder para um setor que tem a importância desse tamanho no PIB brasileiro, sem contar toda a geração de emprego, a questão de levar a melhoria para outras regiões do país que são novos polos de produção”, observa.

Para o advogado agrarista Francisco Torma também é importante lembrar: “Como o agronegócio também é política pública nacional, precisamos sempre identificar e solucionar distorções nas cadeias, e hoje certamente a cadeia dos laticínios é uma que demanda de ação governamental”, pontua.

Receba nossos conteúdos em primeira mão.