Data de publicação: 19 de Fevereiro de 2020, 18:54h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:30h
A geosmina, substância que está deixando a água do Rio de Janeiro com cheiro e gosto de terra, apesar de não fazer mal à saúde se consumida, representa um outro perigo: pode incentivar a reprodução do mosquito da dengue. Um estudo publicado na revista científica “Current Biology” mostra que a geosmina funciona como um chamariz para o Aedes aegypti. O odor da substância é captado pelo inseto, que o utiliza para encontrar reservatórios de água parada. Além da dengue, o mosquito também é o transmissor de outras doenças, como a Zika e o Chikungunya.
Sandra de Azevedo, professora de Biofísica do Instituto Carlos Chagas, explica que o surgimento de geosmina é resultado da ação de cianobactérias. A especialista diz que a presença desses microrganismos revela um problema no saneamento básico do Rio de Janeiro e exige maiores cuidados dos moradores.
“Quando eu tenho geosmina é porque lá, na água ‘bruta’, no manancial usado para captação, posso estar tendo floração de cianobactérias. Se tenho floração de cianobactérias é porque essa água bruta está com uma carga orgânica muito alta. É um indicador de um problema muito maior. Agora, se tiver água parada com geosmina, de acordo com o dado que foi apresentado, potencialmente, você poderia atrair ainda mais o mosquito.”
O médico da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Alexandre Chieppe, diz que a causa do aumento de geosmina na água ainda está sendo investigada. Entre as principais suspeitas está o aumento da poluição nos mananciais que abastecem o estado. Mas o médico explica que apesar da substância atrair o mosquito, a forma de combater o aedes continua a mesma:
“Temos que observar [a situação]. Mas independente disso, manter as ações de controle intensificados, uma vez que a gente já estava em alerta por conta da reentrada do vírus tipo 2 no estado e no Brasil. A recomendação do controle da dengue de uma forma geral é evitar qualquer quantidade de água parada que possa servir como criadouro para o mosquito da dengue, independente da presença da geosmina.”
Em janeiro, no estado do Rio de Janeiro, foram registrados 773 casos de dengue, um de zika e 706 de chikungunya. De acordo com a secretaria estadual de saúde, os números são inferiores aos registrados no mesmo período do ano passado, quando foram confirmados 920 casos de dengue, 58 de zika e mais de 2,7 mil de chikingunya.
E você? Já combateu o mosquito hoje? A mudança começa dentro de casa. Proteja a sua família. Para mais informações, acesse saude.gov.br/combateaedes.