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Com pouco mais de um ano de existência, o Pix não só caiu no gosto do brasileiro como o sistema de pagamento do Banco Central vem evoluindo para incluir cada vez mais pessoas no sistema bancário. Um exemplo disso são as novas funcionalidades, o Pix Saque e o Pix Troco, que possibilitam ao usuário ter em mãos dinheiro em espécie sem a necessidade de ir a um banco ou caixa 24 horas.
A ferramenta de transferência instantânea de recursos surgiu inicialmente como uma alternativa às transações bancárias, mas em setembro de 2021, segundo o Banco Central, as transações feitas por Pix já superavam aquelas realizadas por boletos, TEDs, DOCs e cheques somadas.
A adesão foi tão substancial que o Banco Central incluiu novas modalidades e já estuda novas funcionalidades para 2022. As últimas novidades apresentadas foram o Pix Saque e o Pix Troco. O primeiro permite que o usuário transfira recursos para uma conta Pix em pontos que ofertarem o serviço e saque o dinheiro em espécie. O segundo também é um saque, mas atrelado a uma compra, ou seja, permite que o cliente transfira, para a conta de estabelecimentos comerciais, quantias maiores que o valor da compra e receba a diferença em forma de troco.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, explica que um projeto de tecnologia como o Pix sempre vai apresentar demandas por novas funcionalidades e que a ferramenta de transferência instantânea tem em funcionamento apenas 30% daquilo que foi desenhado inicialmente, com um leque de possibilidades pela frente.
“A gente começa a ver que o Pix tem um potencial muito maior, tem potencial, por exemplo, de fazer agora o que a gente está começando a ver, pagamentos internacionais, a gente começa a ver que o Pix tem uma capacidade de se transformar em algum momento numa identidade digital para as pessoas acessarem outros tipos de serviço. O Pix é um instrumento em constante evolução. Nós vamos estar sempre olhando as evoluções nesse mundo de pagamento, atualizando o Pix e obviamente consultando a sociedade para entender aonde o Pix precisa ir”, destaca o presidente do BC.
O Banco Central já previa que a disponibilização dos serviços seria feita de forma gradual, uma vez que ela é facultativa. Aos comerciantes que já aceitam Pix por meio de QR Code, o processo para a disponibilizar os novos serviços é simples. O primeiro passo é definir o produto: apenas o Pix Saque, apenas o Pix Troco ou ambos. O estabelecimento comercial também vai estabelecer as condições como horários, dias e valores. É necessário, ainda, firmar contrato com uma instituição participante do Pix para viabilizar sua atuação como agente de saque.
Já os usuários precisam procurar estabelecimentos comerciais que já tenham aderido à ferramenta de Troco e Saque. Na primeira opção, alguém que vá a uma padaria, por exemplo, e precisa pagar R$ 22, o valor da compra, pode passar um Pix de R$ 32 e receber os R$ 10 reais de troco em dinheiro.
No Pix Saque, a pessoa pode sacar dinheiro em estabelecimentos comerciais sem a necessidade de ter feito compras no local. A loja funciona como um “agente de saque”. Não é necessário ter um cartão do banco, bastando usar apenas o celular, que vai ler o QR Code para realizar a transação.
Ana Oliveira, 35 anos, professora do Distrito Federal, descobriu as novidades do Pix recentemente e destacou a liberdade de escolha na hora de sacar dinheiro, já que antes só conseguia fazer isso em bancos ou caixas eletrônicos, que muitas vezes não estão disponíveis.
“Com essa nova funcionalidade, deixa a gente com mais liberdade, né? A gente não fica tão preso ao banco 24 horas ou qualquer outra agência. Fica mais fácil de ir a qualquer estabelecimento e realizar esse novo procedimento do Pix”, destaca Ana.
As novas funções do Pix contam com um limite: as transações não podem ser superiores a R$ 500 durante o dia, ou seja, das 6h às 20h, segundo o Banco Central, nem maior que R$ 100 no período noturno. O cliente tem direito a fazer oito transações do tipo por mês sem pagar nada. A partir da nona transação, pode ser cobrada uma tarifa, o que varia de acordo com o agente financeiro.
Os estabelecimentos comerciais que oferecerem o serviço também não pagam nada por isso, pelo contrário, recebem. O lojista vai receber de R$ 0,25 a R$ 0,95 por operação – o valor é negociado com a sua instituição de relacionamento.
Segundo o Banco Central, além de facilitar a vida do usuário, o objetivo do Pix Saque e Pix Troco é oferecer alternativas e maior movimentação aos comerciantes. Isso porque, segundo o banco, a oferta do serviço diminui os custos dos estabelecimentos com gestão de numerário, como aqueles relacionados à segurança e aos depósitos, além de possibilitar que os estabelecimentos ganhem mais visibilidade para seus produtos e serviços, com o chamado "efeito vitrine".
Atualmente, quase 100 milhões de pessoas no Brasil e quase 8 milhões de empresas usam o Pix. Mais de 770 bancos, cooperativas, financeiras e fintechs oferecem o serviço. Em outubro do ano passado, as transações superaram os R$ 500 bilhões por mês. As novas modalidades, no entanto, ainda carecem de uma maior aderência por parte dos usuários e comerciantes.
Em dois meses de operação, mais de 43 mil pessoas já usaram os novos serviços. O total de transações assinaladas até o fim de janeiro de 2022 foi de 71,7 mil, sendo 70,1 mil do Pix Saque e 1,6 mil do Pix Troco. Porto Alegre (RS) foi a cidade que registrou o maior uso das novas funcionalidades durante o período, com 9,1% de participação. O levantamento aponta, no entanto, que 73% das retiradas de dinheiro por meio do Pix foram feitas em cidades do interior. Dos dez municípios que mais tiveram operações do Pix Saque e do Pix Troco no período, cinco são do interior: Caxias do Sul, Canoas, Viamão, Gravataí e São Leopoldo, todos no Rio Grande do Sul.
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