Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Quatro estados e DF recebem projeto de implantação de salas de amamentação em Unidades Básicas de Saúde

Campanha nacional de incentivo à amamentação está voltada às trabalhadoras, para atingir meta de 70% de aleitamento exclusivo até 2030

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O governo federal pretende implantar salas de amamentação em Unidades Básicas de Saúde de todo o país. Um projeto piloto está em fase de construção desses espaços  em unidades que já estão em funcionamento em cinco unidades da federação: Pará, Paraíba, Distrito Federal, São Paulo e Paraná.

A campanha nacional de incentivo à amamentação de 2023 está voltada às trabalhadoras para atingir meta de 70% de aleitamento exclusivo até 2030. A ministra da Saúde, Nísia Trindade, informa que a iniciativa visa apoiar especialmente aquelas mães que estão no mercado informal e não têm o amparo da legislação. “Nem sempre é um ato simples a amamentação, principalmente, com a questão de uma licença mais reduzida para a maternidade, com a falta de apoio nos ambientes de trabalho, uma atenção especial as mulheres que estão trabalhando e, aqui, nós falamos das mães e dos pais que trabalham”, relata.

O aleitamento materno é mais do que uma simples alimentação para o bebê. Ele protege, cuida e acalma. Além de ser sinônimo de cuidado, é uma forma de aproximar mãe e bebê. Mas existem cuidados que precisam ser observados. A opinião é da pediatra Natalia Ribas. Ela diz que muitas mães deixam de amamentar porque não conseguem se adequar à rotina de trabalho e amamentação. Para ela, é preciso ter mais espaços de apoio para que as mulheres trabalhadoras sigam amamentando seus filhos.

“Não é uma questão de que eu vou amamentar e não quero ficar exposta porque eu não posso amamentar em qualquer lugar, mas o fato de ter uma poltrona adequada, condições adequadas e uma estrutura preparada para receber essa mãe com seu bebê, isso dá mais liberdade. É uma questão de inclusão. Além de proporcionar um ambiente mais seguro, não trazendo tantos riscos de contaminação e infecção, o bebê consegue amamentar com mais tranquilidade e sem barulho”, destaca.

A médica ginecologista  Érica Medeiros, do Grupo Elas Brasília, concorda. “As salas de amamentação trazem mais conforto para o momento mãe e filho e podem ser um lugar de privacidade para as mães que sentirem essa necessidade, por isso é importante frisar que a amamentação em público tem que ser normalizada e estimulada até”.

A pediatra Natalia Ribas explica que é preciso estimular cada vez mais a amamentação porque o leite materno é extremamente importante para a saúde da criança e tem inúmeros benefícios: “O leite materno possui anticorpos que protegem os bebês durante todo o período de lactação, mas, especialmente, nos primeiros períodos de vida. Também promove segurança e bem-estar para o bebê, fortalece o desenvolvimento da arcada dentária, fortalece também os músculos da face, o leite possui todos os nutrientes necessários durante os seis primeiros meses de vida, além de ter maior absorção no intestino do que as fórmulas”, destaca.

A médica da Clinica Obstétrica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da Maternidade São Luiz Star, Mônica Fairbanks de Barros, conta que o leite materno é o alimento mais completo que existe e ainda é específico para cada espécie.

“É tão perfeito que muda a composição de acordo com a fase de vida do bebê ou seja, o leite do pré-maturo é mais rico em anticorpos do que o leite de uma criança maior. A composição vai mudando conforme a idade da criança. E não é só alimento, também é considerado como a primeira vacina porque é muito rico em anticorpos. Todos aqueles anticorpos que a mãe adquiriu durante a vida por doenças infecciosas que ela teve ou por vacinas que ela tomou passam pelo leite e ajudam a conferir proteção e imunidade”, informa.

Mas não são apenas os bebês os beneficiados. A médica ginecologista do Grupo Elas Brasília, Érica Medeiros, acrescenta: “Para a mãe, o benefício está no fortalecimento do vínculo com seu filho, a redução do sangramento pós-parto pelos hormônios que são produzidos durante a amamentação, a prevenção do câncer de mama e até câncer de ovário e de endométrio, além do custo do aleitamento materno ser zero e ter fácil acesso, a mãe também pode amamentar em qualquer lugar”, avalia.

Bancos de leite

Toda mulher que amamenta é uma possível doadora de leite humano. A médica da Clinica Obstétrica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e da Maternidade São Luiz Star, Mônica Fairbanks de Barros, revela que a doação de leite materno é fundamental para ampliar as chances de recuperação de bebês prematuros ou com baixo peso que estão internados em UTIs neonatais.

“Aquelas mães que têm leite excedente devem ser estimuladas a doarem o leite materno. Uma das funções desses bancos de leite é poder receber o leite doado de outras mães. Já existem redes de bancos de leites estabilizadas coordenadas pela Fiocruz que fazem esse tipo de serviço”, aponta.

Para a pediatra Natalia Ribas, o banco de leite é fundamental para a manutenção da amamentação. “Essa questão dos primeiros quinze dias, a dor pra pegar, é difícil. Tem muita mãe que já sai da maternidade com o seio rachado, doendo e muitas desistem da amamentação por conta das dificuldades. Nesse sentido, muita amamentação é salva pelos bancos de leite. Ele é essencial para fazer essa manutenção. E ainda existe um acompanhamento da mãe e da criança para dar suporte e garantir uma boa amamentação”, revela.

Mesmo sabendo de todos os benefícios da amamentação para a saúde do bebê e da mãe e que os indicadores brasileiros estejam melhorando ao longo do tempo, as taxas de amamentação ainda seguem abaixo das recomendadas por organizações internacionais especialistas no tema. Segundo o mais recente Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil (Enani), em 2019, apenas 45,8% das crianças menores de seis meses de todo o país eram alimentadas exclusivamente com leite materno. A meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é que, até 2025, ao menos 50% das crianças de até seis meses de vida sejam amamentadas exclusivamente. E que, até 2030, esse índice chegue a 70%.
 

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