Data de publicação: 31 de Maio de 2022, 01:04h, Atualizado em: 01 de Agosto de 2024, 19:34h
Os índices do nível de atividade e do número de empregados da indústria da construção atingiram o maior patamar para o primeiro quadrimestre desde 2012. Os dados são da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Segundo a CNI, o nível de atividade fechou abril em 50,1 pontos. Embora tenha recuado 1,2 ponto em relação a março, o índice não apresentava valor acima dos 50 pontos para o mês de abril desde 2012. É importante destacar que valores acima dos 50 pontos sinalizam aumento do nível de atividade.
Já o número de empregados atingiu os 50,7 pontos, registrando aumento de 0,7 ponto frente ao mês anterior. O resultado é o maior para o mês de abril nos últimos dez anos. O deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP) comemora o desempenho positivo da construção civil nos primeiros quatro meses de 2022.
“A construção civil é chave para a retomada do crescimento do país e decisiva também para a geração de empregos. Portanto, os dados merecem ser comemorados. Indicam esse crescimento da atividade e uma retomada da geração de empregos”, afirma.
Desempenho
O valor médio do índice do nível de atividade entre janeiro e abril de 2022 ficou em 49,3 pontos. Em 2012, foi de 49,6 pontos. Já o nível de empregados teve média de 49,5 pontos ante os 50,6 pontos de dez anos atrás.
Ainda de acordo com a CNI, o Índice de Confiança do Empresário (ICEI) da indústria de construção subiu 0,7 ponto em maio, chegando a 56,2 pontos. O ICEI está acima da linha divisória dos 50 pontos, o que indica que os empresários do setor estão confiantes. O resultado também é o maior para maio desde 2012.
William Baghdassarian, professor de economia do Ibmec, destaca que os resultados obtidos pelo setor retratam uma recuperação consistente após a pandemia e, até mesmo, de retrações mais significativas que ocorreram no meio da última década.
“Vários dos indicadores trazidos para essa sondagem estão nos máximos históricos desde 2012. Essa á uma boa notícia por duas razões: primeiro, porque mostra que a indústria da construção, de certa forma, já ultrapassou a questão da crise da Covid e ir bem mesmo com a guerra, mas principalmente porque ela também está maior do que a atividade em 2015 e 2016, que foram anos de recessão.
O otimismo dos empresários da construção civil está mais atrelado ao futuro do que ao presente. O índice de condições atuais ficou em 48,6 pontos em maio, abaixo, portanto, do marco dos 50 pontos. Já o indicador que mede a expectativa para os próximos meses chegou aos 60 pontos. O setor espera aumento do nível de atividade, do número de novos empreendimentos e serviços, da compra de insumos e do número de empregados nos próximos seis meses, segundo o levantamento.
A intenção de investimento também vem em alta. Em maio subiu 2 pontos, alcançando os 44,8 pontos, maior resultado desde agosto do ano passado. Já a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) recuou 1 ponto percentual, de 68% para 67%. Mesmo assim, trata-se do maior desempenho para o mês desde 2014.
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Inflação
Apesar do bom desempenho da indústria da construção civil, o deputado federal Arnaldo Jardim diz que a inflação das matérias-primas utilizadas pelo setor preocupa. “Nós temos uma pressão muito grande da elevação dos insumos para a construção civil. Eu mencionaria o crescimento significativo do preço do aço, assim como o impacto do preço dos combustíveis é muito significativo. Resta, portanto, uma dúvida, sobre se essa pressão de custos não diminuirá margens e não poderá ser significativa para arrefecer a retomada que se verificou”, avalia.
Segundo o Instituto Aço Brasil, a guerra entre Rússia e Ucrânia contribuiu para que o preço dos principais insumos para a produção do aço disparasse. O valor do carvão mineral, que responde por até 50% do custo de produção do aço, subiu 315,8%. Já o ferro-gusa aumentou 218,7% e a sucata 158,7%.
Baghdassarian afirma que os números da construção no primeiro quadrimestre foram surpreendentes, principalmente devido ao cenário internacional. “Há uma expectativa muito grande de que haja uma desaceleração econômica das grandes economias, principalmente a partir de 2023 e o mercado já antecipa um pouco isso. Então, a gente tem que olhar para esse otimismo com uma certa cautela. Outro fator que pode afetar bastante a economia e a construção civil é a questão dos combustíveis. Há uma possibilidade de que a gente possa ter desabastecimento de óleo diesel no segundo semestre”, conclui.
Para elaborar a Sondagem da Indústria da Construção, a CNI ouviu 419 empresas entre 2 e 10 de maio.