Foto: rawpixel.com/Freepik
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EPILEPSIA: 25% dos pacientes são portadores em estágio grave

Diretor da Associação Paulista de Neurologia (APAN) explica mais sobre a doença

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Caracterizada por especialistas como um disparo de forma sincronizada e excessiva de um conjunto de neurônios, a epilepsia acomete 2% da população brasileira, Os dados são da Organização Mundial de Saúde (OMS). No país, o Ministério da Saúde estima que pelo menos 25% dos pacientes com a condição são portadores em estágio grave e vivem com as consequências físicas ou mentais.

O diretor da Associação Paulista de Neurologia (APAN), Marcel Simis, explica que a manifestação clínica dos disparos anormais dos neurônios do cérebro pode ser diferente, dependendo da região do foco epilético. “Se o foco epilético tiver uma origem numa região sensitiva, o paciente pode sentir algo anormal. Se for uma região motora, podem ter movimentos motores anormais - o movimento das mãos e das pernas. Quando a crise começa de uma forma focal e vai para o cérebro como um todo e generaliza, são as chamadas crises generalizadas. Quando se tem a crise generalizada ocorre a convulsão.”

Epilepsia: causas

A epilepsia pode ocorrer em diferentes estágios da vida e pode ser causada por fatores genéticos e lesões. O neurologista ilustra: “[A doença] Pode ter início na infância, logo no nascimento. Então pode, por exemplo, [o bebê] ter tido uma lesão no momento do parto ou mesmo no período intrauterino, e essa cicatriz no cérebro gerar um foco epilético. As causas genéticas são manifestadas mais na infância e na criança. Então, manifesta um quadro de epilepsia. A epilepsia pode se iniciar também nos idosos. Normalmente, acontece por causa de lesões encefálicas. Uma causa comum é o Acidente Vascular Cerebral (AVC) no idoso.”

Epilepsia: tratamento

De acordo com Marcel Simis, a condição determina a necessidade do uso de medicamentos por toda a vida, pois se o paciente tiver crises com muita recorrência pode causar danos cerebrais pela própria epilepsia. O neurologista aponta que 1/3 dos pacientes respondem bem ao primeiro tratamento medicamentoso e costumam até controlar as crises tomando um único anticonvulsivante. Outro 1/3 acaba tendo o controle da crise com um segundo anticonvulsivante.

“Infelizmente, cerca de 1/3 dos pacientes acabam não tendo o controle da das crises mesmo tomando adequadamente os remédios. Para essa parcela que não teve o controle medicamentoso existe a possibilidade de cirurgias. Retirar aquele pedaço do cérebro que tem uma região com atividade epiléptica, sendo por vezes até curativo do paciente”, explica.

No Brasil, o SUS oferece tratamento integral e gratuito para os casos de epilepsia. A rede pública de saúde oferece desde diagnóstico até o acompanhamento e tratamento. 

Segundo o Ministério da Saúde, o tratamento deve ser iniciado nas Unidades Básicas de Saúde. "Havendo necessidade, o médico pode encaminhar para um atendimento especializado de média e alta complexidade. O tratamento das epilepsias é feito com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, que são a origem das crises epilépticas. Casos com crises frequentes e incontroláveis são candidatos à intervenção cirúrgica", diz comunicado da pasta. 

O neurologista Marcel Simis ressalta ainda que, com o uso correto da medicação, o paciente pode levar normalmente a vida. “O que orientamos é não esquecer de tomar o remédio. Evitar ficar muito tempo sem dormir, porque a privação de sono  aumenta o risco de ter crise convulsiva, evitar ambientes de estresse. Grande parte dos pacientes passa a ter uma vida praticamente normal, inclusive se a crise está bem tratada, bem controlada, pode inclusive dirigir.”

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